Maio_2009 - page 78

Entrevista
R e v i s t a d a E S P M –
maio
/
junho
de
2009
72
parecequeoBrasilestáassumindo
um papel de liderançaemdefesa
da línguaportuguesa,e
(3)
háuma
universidade em Santarém que
vai estudar, junto com os povos
da Amazônia, os problemas e as
soluçõesnesta área. Sãoprojetos
que têmumamesmamatriz, que
é a integração, a discussão dos
problemas locais, quenão se en-
cerramnumaperspectivaestreita
de território. Nesse processo de
globalização, somos cada vez
mais parecidos – e cada vezmais
diferentes. Mesmo com a globa-
lização, há fortes movimentos
separatistas, como foi o caso do
esfacelamentodaUniãoSoviética
e, recentemente, daBélgica...
JRWP – Potencialmente, até a
Espanha. A Tchecoslováquia já
se dividiu – e a Iugoslávia...
Vera Pedrosa – Acho que esses
são casos de países, de repúblicas
que foramamalgamadasporumpo-
dermais forte, uméditoecomuma
certa repressão; estiveram unidas
por uma repressãocentral –no fun-
do se pode fazer um paralelo com
o movimento do século passado
de descolonização. Será que faria
muita diferença a longo prazo se,
em vezde ter um governo central...
JRWP – Um País Basco, uma
Catalunha ...
VeraPedrosa – Sedaqui a cem
anos houver um governo central
na Europa, ou se houver a Espa-
nha com autonomias regionais
maiores do que agora, será que
isso vai alterar muita coisa?
JRWP–Não foi Tolstoi quedisse
“antes de conhecer o mundo,
conhece a tua aldeia”?
Vera Pedrosa – Pois é. Esses
movimentos talvez sejam exata-
mente isso: consequência de que
essas uniões não foram desejadas
pelospovosque faziampartedesses
aglomeradoseconglomerados.Não
tenhomuitacerteza se issoé favorá-
vel oudesfavorável, politicamente.
JRWP – Você acha que as novas
tecnologias da comunicação, da
informação – internet etc., ao
aproximar as pessoas, tornarão
esse tipode coisamaispossível?
Vera Pedrosa – Muita coisa
mudou com isso. Vamos falar cla-
ramente: temos uma imprensa
supostamente livre – nos países de-
mocráticos, ocidentais – nos países
não totalitários, a imprensa é livre.
JRWP – É também livre a inicia-
tiva, paragruposeconômicos...
Vera Pedrosa – Li um livro do
Claudio Abramo, um jornalista
paulista, que dizia às pessoas que
trabalhamcomele, na redaçãodo
jornal, que o jornalista não tem
liberdade de expressão; ela é do
jornal. O jornalista não se afasta
da linha do jornal. Se o jornal
ataca ou critica alguém de uma
forma injusta, a pessoa não tem
acesso ao mesmo espaço para
mostrar o contrário. Também vi
isso naDinamarca, quando ocor-
reu o episódio das caricaturas e
aquilo foi apresentado comouma
defesa da liberdade de impren-
sa contra os obscurantistas. Na
verdade foi o resultado de uma
gafe diplomática do governo, que
não recebeu os embaixadores
para que eles manifestassem o
seu descontentamento, para que
o governo pudesse dizer direta-
mente ao Ministro das Relações
Exteriores “infelizmente não
podemos fazer nada”. Mas não
deram satisfação, preferiram ig-
norar o fato e gerou toda aquela
confusão. Óbvio que, nos países
onde existe uma teocracia, não
vai haver uma liberdade para
uma imprensa independente do
que são as bases fundamentais
das doutrinas religiosas.
}
Naminha turmade trintaepoucos
alunos, eramapenasquatromulheres.
~
}
Nos EUA, poucagente
falamaisdeum idioma.
~
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