RESPM-20 anos

entrevista | José Bonifácio de Oliveira Sobrinho (BONI) Revista da ESPM | julho/agostode 2014 188 Gracioso — Desde que a internet se firmou como grande veículo, fala-se muito da perda de espaço da televisão. Em outros países isso já está ocor- rendo, mas entre nós o conjunto TV aberta/assinatura aumentou a sua participação no bolo publicitário, para 71,5%. Você crê que o Brasil é um caso à parte e que a nossa TV jamais perderá a liderança? Boni — Não consigo ver essas coi- sas como nichos diferentes. São meios de comunicação e pronto. A internet e os aplicativos móveis vão ampliar a exposição dos conte- údos antigos e dos novos, aumen- tando a sua circulação. O que vale é o interesse que o conteúdo desper- ta na TV, na internet e em todos os veículos distribuidores. Os produ- tores de conteúdo de qualidade, de confiabilidade e de continuidade, sejam de entretenimento ou de jor- nalismo vão continuar existindo. Uns perderão e outros ganharão na televisão, na internet, no que der e vier. Mas o conteúdo conti- nua sendo a palavra de ordem, em qualquer veículo de distribuição. A internet já é o maior distribuidor, mas está muito distante de ser o mel hor. Quanto va le um gr upo atento ao jogo de seu clube ao vivo, um espetáculo de TV, um telejornal ou um programa de dramaturgia; ou vendo o seu programa habitual numa supertela HD, em cores, som 5.1; ou mesmo acompanhando um evento num smartphone? Quanto vale esse grupo reunido comparado ao internauta apressado, deletando mensagens e assuntos, concentra- do em interesses absolutamente pessoais. Os dois valem. Haverá investimentos e tipos de cliente para os dois. E certamente os resul- tados revelarão a necessidade da diversidade de veículos e da ade- quação e a força de cada um deles. Está mais do que provado que se a internet é a maior loja do planeta, a televisão é o mais completo veículo publicitário que se conhece. E hoje televisão é uma coisa só. Nos Es- tados Unidos, não existe mais um diferencial entre televisão aberta e televisão por assinatura. Na práti- ca, ninguém mais recebe televisão diretamente do ar. Mais de 95% das residências são cabeadas ou rece- bem o sinal por satélite, ou pagam para usar simultaneamente os dois sistemas. Vai demorar, mas acon- tecerá o mesmo aqui. E tanto aqui como lá, quem tiver mais conteúdo será mais visto e, consequente- mente, vai faturar mais. Em Nova York, no serviço Time Warner , um pacote mínimo custa US$ 19,99 por mês e inclui a ABC, CBS, NBC, FOX Boni recebe homenagemdo empresárioRobertoMarinho pela obra que construiunos bastidores daRedeGlobo, que transformou a emissora em líder de audiênciano país inteiro emoldou a forma e o conteúdo da programação exibida pela televisão brasileira arquivo pessoal

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