RESPM-20 anos
entrevista | José Bonifácio de Oliveira Sobrinho (BONI) Revista da ESPM | julho/agostode 2014 192 Gracioso — Falando agora da TV por assinatura. Por que o seu pro- gresso está sendo tão lento no Brasil, embora tenha se acelerado um pouco nos últimos tempos? O problema será econômico, ou os canais por assina- tura ainda não conseguiram oferecer o que o nosso público deseja? Boni — Junto com o Joe Wallach, co- loquei no ar, no Brasil, os primeiros quatro canais por assinatura, 24 horas por dia. Não havia um só as- sinante. O Telecine era um canal de filmes inéditos; o GNT foi projetado para ser o Globo News Television — mas, por falta de verba, restringiu- se a um canal de documentário; o Multishow , um canal de variedades internacionais, e o Topsport , que depois mudou para SporTV . Estáva- mos oferecendo uma programação alternativa, mas reconhecíamos, na época, que estávamos longe de sermos competidores no mercado existente. Sabíamos que era apenas uma semente. Hoje há assinantes e dinheiro. A televisão por assinatu- ra pode e deve ousar para acelerar seu crescimento. Gracioso — A TV de hoje, aparen- temente, continua excessivamente condicionada à ficção, como as novelas, jornalismo e programas de auditório, assim como há 20 anos. Por que isso está acontecendo? Ao mesmo tempo, que rumos a TV está tomando em dois aspectos: conteúdo e tecnologia? Boni — Tenho para mim que, se por um lado a tecnologia trouxe um extraordinário avanço para a tele- visão brasileira — e mesmo mun- dial, com algumas contribuições importantes nessa área, feitas pela Rede Globo —, muito da criação e do cuidado artístico se perderam em todos os setores. Em alguns casos, o acabamento deu lugar à rapidez de realização. Em outros, alguns recursos foram usados para tornar a li nguagem de telev isão ma is cinematográfica, comprometendo o entendimento da narrativa e a intensidade dramatúrgica, quando não confundindo ou espantando o espectador. Tecnologia é bem-vinda quando usada para valorizar a arte e aprimorar a comunicação. Gracioso — O Brasil concluiu seu processo de digitalização total da transmissão. Qual será o impacto do HD para a indústria audiovisual? Apenas técnico ou há novos modelos que podem evoluir a partir daí? Boni — Podemos aproveitar muita coisa que ficou parada, como inte- ratividade, segunda tela etc. Mas estamos no meio do caminho. Para o Brasil inteiro ficar digitalizado, ainda temos alguns anos. O apagão analógico está marcado para 2017. Será que teremos caixa e fôlego para realizar os investimentos necessá- rios em tão curto espaço de tempo? Não haverá nenhum benefício para o concessionário de televisão. Só Acredito que usaremos o celular como videorreportagem, em larga escala, na TV Vanguarda. Já estamos comdezenas de unidades nas ruas, conectadas diretamente coma emissora Para atrair os anunciantes, Boni criouo Jornal Nacional , que foi ao ar em1969, comapresentação da dupla CidMoreira e Sérgio Chapelin. Apartir de 1998, a bancada do telejornal daRedeGlobo passou a ser comandada pelo casalWilliamBonner e FátimaBernardes reprodução
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