RESPM-20 anos
julho/agostode2014| RevistadaESPM 21 no Brasil? Quais foram as medidas oficiais que mais contribuíram para a melhoria na situação do Brasil atual versus a realidade de 1994? Maílson — A principal medida foi o Plano Real (1994), que nos livrou, tudo indica que definitivamente, dos hor- rores da hiperinflação. Outros mar- cos foram a consolidação da abertura da economia — iniciada em 1988 e acelerada em 1990 e 1994 —, a aprova- ção da Lei de Responsabilidade Fiscal e a privatização de empresas estatais. São inegáveis o sucesso na área das telecomunicações — que ampliou gigantescamente o acesso ao telefone fixo emóvel — e a expansão de empre- sas industriais e de mineração, que ganharam enorme eficiência após deixarem o setor público. A Embraer, quase quebrada quando estatal, se tornou um êxito inequívoco e é hoje a terceira ou quarta maior produtora de aeronaves, dependendo da categoria considerada. A emergência da China beneficiou enormemente o Brasil, que possuía espaço e competitividade para se tornar um dos maiores for- necedores de commodities agrícolas e minerais para o mercado chinês. Grande parte do crescimento da eco- nomia no período Lula e a consequen- te ampliação da classemédia e a redu- ção da pobreza se devem aos ganhos do país no comércio internacional. Gracioso — Na prática do seu tra- balho diário, como consultor, o que dizem os empresários sobre os pro- blemas atuais e o futuro do país? O senhor acredita que tudo se resume na mudança de orientação do governo, ou reconhece também problemas es- truturais e globais muito mais difíceis de resolver? Maílson — Há um pessimismo gene- ralizado com os rumos da economia e com as incertezas derivadas da excessiva intervenção do Estado, da mudança frequente das regras e dos controles impostos à Petrobras, que vem perdendo substância fi- nanceira. O horizonte está turvo e isso inibe a tomada de decisões de investir. Ficaram mais graves os já conhecidos problemas derivados da infraestrutura, da operação da logística, da complexidade do siste- ma tributário e do anacronismo da legislação trabalhista. Isso acontece quando são cada vez menores as incertezas no front internacional. Ninguém tem dúvida: o problema está aqui mesmo. Nesse sentido, a mudança de orientação do governo — com a Dilma reeleita ou a vitória de um candidato de oposição — será o disparador da recuperação da con- fiança, se disso resultar melhoria no ambiente de negócios e ataque às nossas principais deficiências estruturais, particularmente no campo da logística e da tributação. Gracioso — Em declarações anterio- res, o senhor elogiou a estabilidade alcançada pela economia e pelas ins- tituições nacionais, que nos ajudam a vencer as ameaças da conjuntura. Olhando para o futuro, é possível desenvolver esse pensamento e preco- nizar os rumos que deveríamos tomar nos próximos anos? Realisticamente, o que se pode esperar de nossa eco- nomia e da consolidação dos últimos avanços sociais, levando em conta o que será o mundo nos próximos anos? Maílson — Tenho dito que o Brasil construiu um conjunto de insti- tuições — democracia, Judiciário independente, imprensa, crenças da sociedade e mercados, para citar as mais importantes — que limitam a continuidade de políticas populis- tas e da incompetência. Em algum momento, essas instituições criam “alarmes de incêndio” que disparam mecanismos de defesa da sociedade. Os maus resultados — como a infla- ção e a deterioração da balança de OPlanoReal nos livrou da hiperinflação. Outros marcos forama consolidação da abertura da economia, a aprovação da Lei de Responsabilidade Fiscal e a privatização de empresas estatais latinstock
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