RESPM-20 anos
Ética Revista da ESPM | julho/agostode 2014 26 Vocêsabe comquem estáfalando? Desde a redemocratização, opaís tem perseguidoa exigênciademaior seriedade, de atitudesmais rigorosas doponto de vista ético, acompanhadademaior severidade emtodos os campos da vida social, empresarial e institucional. Avida pública clamapor ética,mas dá exemplos contrários todos os dias. Por quê? Por Renato Caporali S e há um tema complicado no Brasil é a ques- tão da severidade. Sempre fomos, na nossa elite e a partir dela, uma sociedade um tanto permissiva na vida pública e tambémna vida privada. Quase todos os bons autores da sociologia, da cultura e da literatura abordaramo tema da fragilidade de caráter da elite brasileira, em termos de valores, tais como honestidade, responsabilidade, sentimento de dever, respeito à coisa pública e compromisso emdizer a verdade. A complacência brasileira para com seus próprios vícios de caráter se manifesta logo ao olhar estrangeiro, mas essa tolerância para consigo mesmo tem por compensação a simpatia transbordante, uma alegria de viver que se transforma em prazer de aco- lher e esse jeito tão próprio da nossa gente acaba por encantar o mundo. No período colonial, a elite brasileira veio predomi- nantemente da baixa aristocracia e de aventureiros ansiosos por escapar de Portugal. Imersos na religio- sidade católica ibérica, que naqueles tempos acossava judeus e quemquer que tivesse a desgraça de ser apon- tado herege, condicionados pela estrutura social rígida de um país feudal, esses estrangeiros empreendiam luse ,
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