Revista da ESPM

história Revista da ESPM | Janeiro/fevereirode 2015 126 emrelação à sua capacidade de compra no futuro. Muitas pessoaspassaramaterdúvidasobreacontinuidadedesua ascensão e de sua família às classesmédias. Recente, a emergência da chamada classeCestá longe de ser umfenômenoconsolidado. Alémdo temor de retro- ceder,asfamíliasincluídasnestevastoemaldefinidocon- tingente social passaram a se dar conta da insuficiência dos ganhos alcançados. O acesso a bens de consumo pri- vado se expandiu.Mas oacessoa serviços públicos conti- nuaprecário—menosporumadeficiênciadequantidadee maisporumdeficitdequalidadenaofertadessesserviços. Omal-estar seagravapelo fatodeapopulaçãobrasileira estarconcentradaemgrandescentrosurbanos,ondeaoferta deserviçospúblicosémaior,assimcomoasuademanda.Os fatosdemaior repercussãonacional acontecemnos gran- descentrosurbanos, atéporqueessas regiõesconcentram os principaismeios de comunicação. Onervo exposto do paísestánosmaiorescentrosurbanos.Neles, se formama opiniãopública, oclimapolíticoeaautoimagemdoBrasil. Ao contráriodo que ocorre emmunicípios commenor densidade urbana, os programas de transferência de renda têmefeito reduzido nas grandes cidades. Nestas, o número de beneficiados por programas compensató- rios é proporcionalmentemenor, já que a rendamédia é mais alta. Oatendimento às demandas sociais nos gran- des centros urbanos exige políticasmais complexas de expansão emelhoria da qualidade da oferta de serviços públicos. Complexas porque requerem maior planeja- mento, capacidade de execução de projetos, cooperação entre diferentes níveis de governo e competência de ges- tão emonitoramentodos serviços prestados. Complexas tambémporque lidamcomumcidadãomais exigente. É nas grandes cidades que primeiro vai se disseminando a autopercepção do indivíduo como pagador de impos- tos, que compara o que entrega ao Estado na forma de tributos, de um lado, e o que recebe de volta na forma de serviços públicos, de outro. Essa autopercepção se ampliouna esteirado aumentoda rendadosmais pobres e do número de trabalhadores com carteira assinada. O Brasil tem uma das mais altas cargas tributárias entre os países de renda média nomundo. Nos últimos 20 anos, ela passou de 25% para 35% do PIB. Grande parte dos recursos arrecadados é canalizada para pagar benefícios previdenciários e assistenciais, que vêm crescendo ininterruptamente. A tendência é que con- tinuem a crescer, à medida que a população brasileira envelhece e aumenta o número de aposentados e pen- sionistas. Quemmais sofre com isso é a capacidade de investimento do Estado brasileiro. A melhoria dos ser- viços públicos requer aumentá-la. Ao mesmo tempo, a alta carga tributária coloca limites à competitividade das empresas, ao crescimento da economia e, como já NoBrasil, opresidente daRepública pode preencher livremente cercade 20 mil cargos. Usa essaprerrogativapara compor a suamaioriaparlamentar

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