Revista da ESPM
Janeiro/fevereirode 2015| RevistadaESPM 129 Opolítico brasileiro pensamais emestabelecer relacionamentos estratégicos para garantir a reeleição do que emcumprir os compromissos assumidos como eleitor durante a campanha eleitoral. Vide esquema doMensalão latinstock “novos padrões” conquistam espaço crescente. Eles apontamna direção de umEstado efetivamente subor- dinado a critérios de impessoalidade, legalidade, publi- cidade e transparência de seus atos, mais eficiente no emprego dos recursos que recebe da sociedade, vigiado por uma sociedade atenta, capaz de indicar priorida- des aos governos e avaliá-los no desempenho de seus mandatos, ciosa dos seus direitos, mas também cum- pridora de suas obrigações. Creio que, quando olharmos em retrospectiva, nós e nossos descendentes veremos que decisões como a Lei de Responsabilidade Fiscal, a Lei da Ficha Limpa, a Lei de Acesso à Informação e as condenações no processo da Ação Penal 470, o chamado “Mensalão”, representarammarcos emuma lenta, ziguezagueante, mas contínua trajetória de modernização democrá- tica do Brasil. Da mesma forma, veremos que, como parte desse mesmo processo, e impulsionados pelas mesmas correntes profundas de mudança, que se multiplicaram, disseminando práticas e programas inovadores na gestão do Estado e na oferta de servi- ços públicos, num processo saudável de competição e imitação entre diferentes governos e partidos, em municípios, estados e no governo federal. Mudança democrática implica conflito. Começam a se explicitar divergências a respeito do “tamanho” e das funções do Estado necessário para responder às demandas dessa sociedade em transformação. Expli- citam-se também divergências sobre o melhor equi- líbrio entre direitos e obrigações de indivíduos e ato- res coletivos. Os conflitos em torno dessas questões não têm levado (e não devem levar) a uma polarização ideológica que bloqueie a capacidade de deliberação democrática na sociedade, em geral, e no sistema político, em específico. Felizmente, ao longo dos últi- mos 20 anos, sedimentaram-se alguns consensos em torno dos quais gravita a maioria do eleitorado, da opi- nião pública e das forças políticas: queremos um país democrático e estável; queremos um país integrado no mundo; queremos um país de cidadãos. Este é o maior legado do Plano Real. Sergio Fausto Superintendente-executivo da Fundação iFHC
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