Revista da ESPM
janeiro/fevereirode2015| RevistadaESPM 13 Da ficção à realidade Por Arnaldo Comin Foto: Divulgação Q uem assistiu a Brazil — O filme (Terry Gilliam, 1985), fábula em que as pessoas vivememummundo de tédio e falta de individualidade, provocados pela opres- são da tecnologia, vai se lembrar dos funcionários emumgigantesco edifício de escritórios que se comunicampor meio de rolinhos de papel “transmitidos” por um labirinto de canaletas. Sem querer, o autor e ex-Monty Python previu, 30 anos atrás, o que pode vir a ser o varejo do futuro. Ou pelomenos emparte. Esta revolução já começou na Hointer, rede de vestuário de Seattle, nos Estados Unidos, que tem como fundadora uma das mais proeminentes figuras do varejo on-line global. Nas- cida na Rússia, Nadia Shouraboura é formada emmatemática e ciência da computação pela Universidade de Moscou, com especialização em robótica em Tel Aviv e Ph.D. emmatemá- tica pela Universidade de Princeton. Na vida executiva, tornou-se uma das mulheres mais poderosas da tecnologia como vice-presidente da Amazon. Apesar da posição invejável, de- cidiu largar tudo em 2012 para abrir sua própria loja “100% física” de jeans com um objetivo simples: entendermelhor a experiência do consumidor no ponto de venda. Dois anos depois, Nadia oferece um estabelecimento comercial que rompe com todos os padrões tradicionais. Na Hointer, as roupas estão estendidas em varais, e o consumidor apenas marca com o celular o que deseja experimentar. Daí, basta ir ao provador indicado. Lá as roupas chegam do estoque por meio de uma canaleta, o cliente prova e aquelas que rejeita são depositadas em outro tubo, que as devolve ao estoque. Se quiser, pode reservar o número que deseja e receber emcasa. Ou comprar no site e retirar na loja. Os resultados impressionam: o manuseio das roupas demanda pouquíssima mão de obra, liberando os vendedores para de fato atender o público. Cada cliente prova, emmédia, 12 peças, um número assombroso para os padrões da indústria. E compra muito mais. A Hointer deu tão certo, que hoje a venda de roupas representa apenas 1% do negócio. Os ou- tros 99% vêmdo licenciamento de tecnologia para grandes redes de varejo. Depois do cinema, este futuro está chegando ao Brasil de carne e osso. Nadia avisa que tem recebido solicitações de várias redes de moda locais e estará aqui, no decorrer de 2015, para falar mais sobre as transformações que o varejo enfrentará nos próximos anos. Até lá, antecipamos, nesta entrevista, umpouco do que está por vir.
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