RESPM-JUL_AGO-2015-alta

entrevista | claudio bernardes Revista da ESPM | julho/agostode 2015 116 apenas controlar o tipo de atividade que vai ser instalada nos Jardins. Somente tem lugar o comércio de conveniência, nada de supermerca- dos ou cinemas que fazem crescer o trânsito e provocam ruído. Revista da ESPM — Gostaria que você comentasse sobre os grandes projetos urbanísticos no Brasil, como o da cidade do Rio de Janeiro, por conta da Olimpíada. Em São Paulo, há três gestões seguidas, pelo menos, não se fazem investimentos em infraestrutu- ra. No entanto, há muito para ser feito emmobilidade e revitalização urbana. Bernardes — A capital paulista care- ce de maior planejamento. Existe o plano de adensamento e mobilidade. Mas falta muita coisa ainda. É preci- so pensar mais no desenvolvimento urbanístico, adequado às possibili- dades de recursos. No Rio de Janeiro, há intervenções para os Jogos Olím- picos, mas não são muito extensas, ocupa mais a zona portuária. É uma intervenção urbana copiada de São Paulo, que, apesar de agradar, está demorando demais para acontecer aqui na região da Luz. A intenção de promover a revitalização do centro de São Paulo, até o momento, fra- cassou. Mas o modelo da Nova Luz foi bem pensado. A sua realização não seria importante apenas para a região, mas também para o processo de revitalização de áreas próximas. E isso acabou despertando o interesse do mercado imobiliário em torno do centro. Muitas outras áreas da cidade tiveram crescimento e valo- rização, mostrando a possibilidade de construção mais barata na região central. Isso permitiria construir a custo mais baixo e vender a preço mais competitivo. É um projeto que precisa ser retomado. Revista da ESPM — Falamos dos bairros mais centrais, onde há mais infraestrutura. Mas como melhorar a situação das periferias, de modo que empresas migrem para regiões e levem mais empregos e qualidade de vida para a população? Bernardes — O problema é que na cidade as moradias estão de um lado e os empregos, em outro. Como se faz para motivar as em- presas a irem para uma área onde só tem moradias, mas não tem em- pregos e mão de obra qualificada? É preciso criar condições para alocar institutos técnicos, educacionais, e assim possibilitar um potencial importante para as empresas se instalarem na área da periferia. Também é preciso criar incentivos tributários para as empresas e me- lhorar o acesso à região. Acessibili- dade é superimportante. É preciso manter o diálogo com os interessa- dos sobre transporte, treinamento e incentivos. O principal é montar um pacote atraente. Revista da ESPM — Que exemplos ao redor do mundo você destacaria como soluções inspiradoras para as grandes questões urbanas? Bernardes — O problema é que as cidades são muito diferentes entre si e, por isso, exigem soluções muito diferentes. São Paulo tem particula- LondreseParissão referênciasde investimento racional namalhade transportes. Há152anosemoperação, ometrô londrinopercorre408quilômetros, queestão divididosem270estações, e transporta trêsmilhõesdepessoasdiariamente bikeworldtravel / shutterstock

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