RESPM-JUL_AGO-2015-alta
julho/agostode 2015| RevistadaESPM 117 ridades que muitas vezes são difíceis de comparar com outras metrópoles. Em termos de mobilidade, Londres e Paris continuam sendo grandes refe- rências de investimento racional na malha de transportes. Já no quesito ocupação, um caso interessante é Hong Kong, uma grande ilha, extre- mamente adensada na faixa litorânea e formada por áreas de preservação no seu interior. Oproblema é que todo o adensamento possível já foi feito, os corredores de transporte já existem e não hámais para onde crescer. Revista da ESPM —Oque fazer, então? Bernardes — São ainda estudos, mas o governo pretende aterrar oito ilhas no entorno de Hong Kong, criando novas áreas com funções específicas, com a presença de es- critórios e moradias. Se não é pos- sível avançar sobre áreas de preser- vação, a saída é ganhar espaço do mar. Esse é um exemplo extremo, mas há outros mecanismos de me- lhoria do espaço urbano, ampliando a capacidade de investimentos dos governos. São modelos de funding que não usamos por aqui ainda. Revista da ESPM — Como eles pode- riam funcionar? Bernardes — Nos Estados Unidos e na Inglaterra usa-se muito um mo- delo chamado Financial Tax Incre- ment (FTI), que consiste na emis- são de títulos públicos com base no potencial construtivo de uma área. O terreno de uma casa no bairro da Vila Mariana, por exemplo, tem po- tencial para arrecadar até dez ve- zes mais IPTU de acordo com o seu potencial de área construída. Com isso, a prefeitura poderia emitir títulos com base nessa receita fu- tura para obter recursos e investir na infraestrutura ou revitalização de regiões estratégicas. Teríamos dinheiro agora para rea lizar as obras e dar um horizonte de inves- timentos futuros para o mercado. Outro modelo usado nos Estados Unidos é o Transit Oriented Deve- lopment (TOD), que visa a emissão de títulos para adensamento em áreas onde já existem grandes vias de transporte. É uma forma de o poder público orientar seu plano de expansão para a cidade. Revista da ESPM — Pensando em 2030, como seria um típico bairro pau- listano do futuro? Bernardes — 2030 estámuito próximo para se pensar em grandes mudanças. Eu pensaria em2050. Mas, se for man- tido esse Plano Diretor, vamos ter os prédios de forma muito mais conden- sada. As novas construções paulista- nas terão mais espaço para o convívio de áreas comerciais e residenciais, maior ocupação do espaço público por pessoas e automóveis. Moradias menores cercadas de mais serviços. Ainda assim, falta adaptar os edifícios existentes. Do jeito que está, teremos um plano banguela, com edifícios ideais dispersos pelas construções mais antigas. Falta incentivo para me- lhorar o que já existe. Daqui a 15 anos vamos ter uma arquitetura exigente, e o custo das novas regiões vai ficar muito alto. Ou o país estará mais rico ou, na pior das hipóteses, arruinado. Noquesitoocupação, umcaso interessanteéHongKong, ilhade1,1mil km², queé muitoadensadana faixa litorânea,mascomáreasdepreservação. Com7milhões dehabitantes, ametrópolechinesa registraumPIB per capita deUS$43,8mil latinstock
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