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Revista da ESPM | julho/agostode 2015 128 História U m dos meus sonhos de juventude era ser urbanista. Desenhar cidades. Cheguei ame formar em arquitetura e urbanismo pela Universidade Mackenzie, em São Paulo, em 1972, e me inscrever no Royal Institute of British Architects (Riba), em Londres. Trabalhar com o futuro sempre foi meu desejo. Por questões fami liares, acabei abandonando a arquitetura e o urbanismo, mas continuei de olho no futuro, ao exercer, por mais de 40 anos, a profis- são de publicitário. Em paralelo, continuei pensando na construção das cidades do futuro. Na escola, estudei a história do pla- nejamento urbano nomundo e no Brasil. E logo entendi que a experiência urbana brasileira é, em sua maioria, propiciada pelas mudanças de capital. Para pensar o futuro, precisamos conhecer o pas- sado. Assim, vamos fazer uma rápida retrospectiva sobre o planejamento de nossas cidades. Salvador foi a primeira cidade planejada do país. Projetado pelo arquiteto militar português Luís Dias, em 1549, o município baiano nasceu com o objetivo de ser a pri- meira capital do Brasil e a preocupação de aliar fun- ções administrativas e militares, como assegurar a posse do território para Portugal. A segunda cidade planejada foi Teresina, criada no período imperial, em 1852, para homenagear a Impe- ratriz Tereza Cristina Maria de Bourbon — esposa de D. Pedro II, que defendeu a mudança da capital do Piauí, de Oeiras para Teresina. Projetada por José Antônio Saraiva e João Isidoro França, a cidade apre- senta um traçado geométrico, cujo desenho inicial se preocupou em destinar áreas tanto para ativi- dades da esfera política, quanto para o desenvolvi- mento de um centro econômico, com a construção de um mercado. Inaugurada três anos depois de Teresina, Ara- caju foi concebida em 1855, para ser a nova capital do Sergipe, em lugar de São Cristóvão, antiga sede da Província de Sergipe Del Rey. Coordenado por Sebastião José Basílio Pirro, o desenho urbano foi elaborado por uma comissão de engenheiros, que procurou utilizar os recursos mais modernos dis- poníveis na época para erguer uma cidade em uma área cheia de pântanos e charcos. A praça do Palácio (atual praça Fausto Cardoso) foi o ponto de partida para o desenvolvimento de Aracaju, que teve todas as ruas projetadas geometricamente, como um tabu- leiro de xadrez, seguindo o modelo grego de Hipó- damo (século 5º a.C.). Na sequência veio Belo Horizonte, que foi fundada em 1897, a partir de um projeto urbanístico feito pelo engenheiro paraense Aarão Reis. Desde então, tomou o lugar de Ouro Preto como capital de Minas Gerais. O planejamento da cidade recebeu grandes influên- cias europeias, especialmente francesas. Com ruas em formato quadriculado e avenidas no sentido dia- gonal, Belo Horizonte já nasceu com características Muitos bairros de São Paulo, como JardimAmérica, surgiramcombase na cidade-jardimde Letchworth Oplanejamentourbanode grandes cidades deve ter umprofissional responsável. Nãoumfuncionário público. Alguémcomumnome a zelar latinstock