RESPM-JUL_AGO-2015-alta
julho/agostode 2015| RevistadaESPM 141 já em estudos, é o trem intercidades para Campinas, que vai até Ameri- cana. Serão nove paradas. A grande vantagem desse trecho é que ele é pouco sinuoso. Nós vamos aprovei- tar as vias da CPTM e da MRS. Pedi- mos autorização ao governo federal para compartilhar cargas com pas- sageiros. Teríamos um investimen- to previsto de R$ 5 bilhões. A ideia é fazer com a iniciativa privada, uma PPP ou concessão. O trem andaria a 140 km/h. A questão é apenas a crise econômica. Não tem dinheiro no mercado. Revista da ESPM — Qual é o impac- to real da crise econômica sobre um investimento desse porte? Pelissioni — O governo tem dificul- dade para tomar empréstimos. São Paulo tem uma condição financeira ótima. A proporção entre a receita corrente líquida e a dívida do Estado precisa ser 1,6 vez. A de São Paulo é 1,47. Chegou a ser 2,2. Então, nós te- mos espaço fiscal para tomar mais fi- nanciamentos, até no exterior. Mas o governo federal, dado o ajuste fiscal, não autoriza. É essa a dificuldade. Revista da ESPM — Qual a sua visão de futuro para São Paulo, do ponto de vista de transportes? Pelissioni — Morei em Barcelona há 13 anos e não precisava de carro. Barcelona tem uma boa rede de me- trô. Comprava um bilhete mensal e andava quantas vezes queria de me- trô, trem ou ônibus, porque era tudo integrado. O cidadão nunca precisa pegar o carro para fazer algo. É isso que nós precisamos construir aqui para o futuro. Não há outra saída. Revista da ESPM — Como se come- ça hoje a construir esse futuro? Quais os primeiros passos? Pelissioni — Investimentos em me- trô e trens. Depois, em BRTs, faixas exclusivas de ônibus para interligar os corredores da Grande São Paulo. Precisamos construir isso para a pessoa chegar à conclusão de que é melhor ir de metrô, pelo fato de não estar lotado e por apresentar pontu- alidade. É assim nas grandes metró- poles e é isso que nós precisaríamos construir aqui. Revista da ESPM — A que distância nós estamos hoje de transformar esse sonho em realidade? Pelissioni — Administrador não deve trabalhar com sonho, e sim com planejamento. O que temos aqui é projeto para os próximos seis anos. Revista da ESPM — Mas o que nos falta para chegar ao ponto de não pre- cisarmos usar o carro? Pelissioni — O Brasil precisa vol- tar a crescer. Nós precisamos ter taxas de juros equivalentes às dos pa íses desenvolv idos pa ra que os governos possam recuperar a capacidade de investir em obras públicas. Para que a gente possa ativar todo esse planejamento e torná-lo realidade. Revista da ESPM — Sem falar em sonho, então, a que distância estamos hoje desse ideal? Osistemametroferroviário realizahoje 7,5milhões de viagens por dia. Precisamos expandir essamalha e reduzir os intervalos entre trens, alémde trens novos, estaçõesmelhores e acessibilidade para os usuários
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