RESPM-JUL_AGO-2015-alta

entrevista | Clodoaldo Pelissioni Revista da ESPM | julho/agostode 2015 142 Pelissioni — Não sei precisar. Com o plano que temos, vamos aumentar entre 30% e 40% o movimento de cidadãos que usam diariamente o sistema metroferroviário. Estamos dando uma contribuição grande. A prefeitura dará outra contribuição, que são os corredores de ônibus. Agora, precisamos de regras mais claras. Pelo programa de concessões de estradas, São Paulo tem agora 19 das 20 melhores rodovias do país. Tem autopistas que nada devem às de país algum. Revista da ESPM — Por que esse avanço, talvez único no país, foi possí- vel no caso das rodovias? Pelissioni — Porque tem um marco regulatório importante. Então, a iniciativa privada investiu. Teve retorno. É isso que precisamos construir. Teremos anos difíceis. Não sou economista, mas acredito que o Brasil só vai voltar a crescer um pouquinho em 2017. Estamos vivendo uma recessão neste ano. No ano que vem, talvez, a gente re- cupere um pouco. Então, para nos- sos projetos atuais, temos algumas dificuldades com financiamentos que já estavam acertados com o governo federal. Por exemplo, com o BNDES e a Caixa. O país precisa de um ajuste fiscal. Precisa reduzir despesas. Precisa ser remodelado. O Brasil, os estados e os municípios também. Infelizmente, o país ainda vive sob o Estado todo protetor. Revista da ESPM — Diante de neces- sidades de infraestrutura que temos e da disponibilidade de capital privado tanto no Brasil como fora, o acesso aos recursos privados ainda parece tímido. O que falta para as PPPs e concessões deslancharem de uma vez? Pelissioni — São Paulo já tem 20 contratos de concessões no setor rodoviário. É um exemplo para o país. Temos uma PPP em andamento que é a primeira operação privada de trens e metrô do país: a Linha 4. Vamos fazer a Linha 5 por operação privada. Temos duas concessões também para monotrilhos. Revista da ESPM — Mas o que seria preciso para o que hoje é exceção seja regra amanhã? Pelissioni — Avançar mais no marco regulatório. Ter taxas de retorno con- dizentes. O investidor privado não ganharmuito, nempouco. E organizar bem a questão do financiamento. Se você chama a iniciativa privada para construir uma linha demetrô, a opera- ção não se paga. No caso, por exemplo, da Linha 6, estamos pagando desapro- priações — cerca de R$ 1 bilhão —mais metade do investimento nas obras, que é de R$ 9 bilhões. O investidor privado vai pagar outra metade e terá retorno depois com a operação. Nesse caso, estamos com um financiamen- to do BNDES. Quanto mais finan- ciamento tivermos, mais condições teremos de fazer as PPPs. Temos de avançar na questão das garantias, que são um problema no Brasil de hoje. Você temde dar fundos ou patrimônio como garantia. Precisamos de novas formas de viabilizar empréstimos. E de um Estado menos operador e mais fiscalizador, gerenciador e planejador. O planejamento da Secretaria de TransportesMetropolitanos do Estado de São Paulo é para entregar 32 novas estações demetrô e demonotrilho, só na Grande São Paulo, até o fimde 2018. Hoje, a região conta com78 estações

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