RESPM-JUL_AGO-2015-alta

julho/agostode 2015| RevistadaESPM 41 Revista da ESPM — O que são esses green districts ? Patrícia — Esse tipo de trabalho co- meçou com o green building , o que é bom, porque é bemconcreto, mas tem um lado ruim: a sensação de que o investimento inicial elevado pode in- viabilizar o green district . Só que, para calcular o retorno, você teria de olhar o investimento e depois o gasto ano a ano. O investimento inicial, de fato, é 10% mais alto que o investimento tra- dicional emuma edificação. Entretan- to, o custo anual depois émais baixo. Revista da ESPM — Pode me dar um exemplo concreto? Patrícia — Fizemos um estudo de- talhado comparando a construção de green districts em três regiões: América do Norte; China, mais espe- cificamente a área do Delta do Yan- gtze; e Golfo Pérsico. São três regiões adensadas, que estão passando pelos mesmos desafios que vamos encarar no Brasil nas próximas décadas. O custo varia de US$ 35 milhões a US$ 60 milhões por quilômetro qua- drado para montar um green district do zero. Só que esses distritos são bem planejados no que diz respeito às emissões de gás carbônico, ao descarte de lixo, ao uso da água e da energia. Com isso, conseguem fazer economias de 18% a 30%, com retor- no do investimento em cinco anos. Registram, por exemplo, um consu- mo de energia de 20% a 40%menor. Já a economia obtida como uso da água gira em torno de 60% a 65%. Também apresentam uma redução em mais da metade da quilometragem rodada pelos veículos nas cidades. Revista da ESPM — Se tem retorno positivo, por que tal investimento não é feito no Brasil? Patrícia — Porque hoje quem investe não gere. Temos um trabalho aqui que é repensar esse modelo. Será que não faz sentido, por exemplo, utili- zar o modelo de Copenhagen, onde o construtor do edifício é também responsável pela sua gestão? Ele não precisa repassar os altos custos do green building para o comprador, pois terá o benefício da redução de gastos de manutenção nos anos seguintes. Temos de repensar a governança e os modelos econômicos. Revista da ESPM — Tomando como exemplo o caminho de Copenhagen para criar o modelo de cidade susten- tável, que lições se podem tirar? Como estabelecer tal correlação entre econo- mia, meio ambiente e sociedade para o desenvolvimento dos centros urbanos? Patrícia — No caso do Brasil, temos um problema anterior. Copenhagen teve vantagens na partida que nós não temos. Nunca teve os problemas que temos. Amaior diferença, paramim, é que Copenhagen enriqueceu antes de envelhecer. Eles já fizeram muito do que estamos defendendo agora. Antes de tudo, trouxeram todos os stake- holders para a mesa de discussões. A sociedade participa. Existe harmonia entre iniciativa privada e poder públi- co. Morei por muito tempo na Suécia, em Estocolmo, que tem elementos parecidos com Copenhagen. Como os espaços são mistos, tem edifícios Melbourne fezumplanode longoprazocomametadeser umacidadepara pessoase focouno ideal de”Cidadede20minutos”. Issoquer dizer queninguém deveriademorarmaisde20minutospara ir deumpontoaoutronacidade shutterstock

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