RESPM-JUL_AGO-2015-alta

entrevista | Patrícia Ellen da silva Revista da ESPM | julho/agostode 2015 42 que são 70% residenciais e 30% comer- ciais. Isso lá énatural. Oandar térreo e geralmente os dois primeiros andares são para uso comercial. O restante, para uso residencial. Eles fazem isso de ummodomuito harmônico. Revista da ESPM — As cidades es- candinavas são exemplo também em mobilidade, não? Patrícia — Investiram muito em mo- bilidade multimodal. São cidades em que você circula a pé, de bicicleta e com um transporte público que fun- cionabem. Poucas pessoas sentemfal- ta de ter um carro. Quando têm, usam mais nos fins de semana. As cidades envolveram a sociedade em decisões como a de tirar os carros do centro. Isso você vê emCopenhagen, Estocol- mo ou Londres. Precisamos aprender a fazer escolhas. Se teremos a cidade pensada para carros, vamos para um modelomuitomais parecido comChi- cago. Mas, se nós queremos cidades baseadas no transporte público, faz sentido se inspirar em Copenhagen, Estocolmo e Londres. Nesse caso, não existe certo e errado. O que existe são escolhas. Não dá para ser tudo. Não vamos conseguir ter uma cidade dos carros e do transporte público. Revista da ESPM — O estudo da McKinsey olha para 80 casos diferentes de cidades espalhadas pelo mundo intei- ro, que, portanto, têm realidades muito diferentes umas das outras. Existem lições comuns a essas experiências, ape- sar de serem tão diferentes? Patrícia — Existem. O modelo de comunidade de alta densidade, por exemplo, está presente namaior parte das cidades analisadas. A densidade nos grandes centros do Brasil ainda é relativamente baixa. Quando pensa- mos emalta densidade, pensamos em erguer edifícios de 40 andares, com quatro ou cinco pisos de estaciona- mento e pouco planejamento urbano no entorno. É importante aprender a trabalhar o conceito de comunidade de alta densidade. Revista da ESPM — Por que tal ênfase no uso misto? Patrícia — Um dos pontos tem a ver com a questão da segurança. Quan- do se trabalha com usos mistos, não resolvemos só a questão econômica e a de mobilidade das edificações. Resolvemos também a questão da segurança. É comum ver no Brasil, nos grandes centros, áreas de uso comercial movimentadas durante o dia e onde à noite não se vê ninguém trafegando. Várias das cidades que nós estudamos não sofrem com esse problema. Aí está a beleza do uso misto. Revista da ESPM — Você falou de segurança, que é uma das carências das nossas cidades. Trânsito é outro problema. E há questões que não sei se entram no seu estudo, como o aces- so à saúde. Quais são os principais desafios comuns às grandes metrópo- les e quais são as soluções aplicáveis à realidade brasileira? O Central Park não é gerido pela prefeitura de Nova York, e sim pela Central Park Conservancy, uma associação de moradores que temuma gestão profissionalizada, mas é financiada por meio de filantropia shutterstock

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