RESPM-JUL_AGO-2015-alta
julho/agostode 2015| RevistadaESPM 45 Revista da ESPM — Você disse que Copenhagen enriqueceu antes de envelhecer. As metrópoles brasileiras não terão esse privilégio. A partir de quando nossas cidades começam a envelhecer? Patrícia — Em dez anos, no máximo 15, apopulaçãoeconomicamenteativa começará a diminuir no Brasil. Tere- mos de pensar em cidades ainda mais eficientes. Em fazer ainda mais com menos. Vai haver impactona arrecada- ção e tambémaumento das necessida- des de políticas públicas. Precisamos, realmente, planejar. E precisamos começar issoomais rápidopossível. Revista da ESPM — O que você imagina ser factível de construir nas grandes cidades do país? Patrícia — É factível esperar que o país resolva seus problemas sociais mais básicos. As Metas do Milênio são uma referência. No aspecto de mobilidade, tem o máximo que tole- ramos. Qual é o limite de tempo que um cidadão pode passar no trânsito numa cidade? Precisamos começar a planejar com base nesses limites o que queremos atingir. Eu separaria o pilar social, o pilar da infraestru- tura básica e mobilidade, o pilar econômico e questões práticas da sustentabilidade, como gestão do lixo, uso da água e, no mínimo, pen- sar nos edifícios novos. Revista da ESPM — Hoje, talvez o úni- co grande projeto urbanístico do Brasil seja a preparação do Rio de Janeiro para receber os Jogos Olímpicos no ano que vem, que apareceu num estudo de vocês como exemplo de participação privada em obras de infraestrutura e mobilida- de. Já dá para dizer que legado a Olim- píada deixará para o Rio de Janeiro e como exemplo para o país? Patrícia — Pelo menos três grandes legados: a cidade totalmente conec- tada por BRT ( Bus Rapid Transit ), a integração da zona oeste com a zona sul totalmente revisitada e um presente para a cidade, que é a revitalização do porto. A cobertura primária de saúde saltou de 4% para cerca de 60% emmenos de seis anos. Dá para contar uma história em tor- no desses quatro legados. Revista da ESPM — Durante certo período, o Brasil teve uma referência isolada nessas questões urbanísticas, que foi a época do Jaime Lerner como prefeito de Curitiba. Por que, na sua visão, os próprios políticos locais que sucederamao Lerner e os que dirigemas outras grandes cidades brasileiras não conseguem ter o mesmo êxito nem criar outros casos de sucesso em gestão? Patrícia — Na minha especialização em gestão pública, aprendi que pre- cisamos ter muitos stakeholders de perfis diferentes, reunidos, para fazer um bom planejamento urbano. É preciso sentar com todas as áreas de uma prefeitura e com todos os stake- holders -chave da cidade. A complexi- dade disso é grande. Esse é o primeiro problema: reconhecer o desafio. EmEstocolmo, naSuécia, osedifíciossão70% residenciaise30%comerciais. Oandar térreoegeralmenteosdoisprimeirosandaressãoparausocomercial. Orestanteéparauso residencial shutterstock
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