RESPM-JUL_AGO-2015-alta

arquitetura Revista da ESPM | julho/agostode 2015 48 bonde — dominava o meio de transporte. Automóveis? Enquanto na cidade de Nova York havia um carro para cada oito habitantes, emSão Paulo essa relação não pas- sava de umcarro a cada 32 habitantes. Hoje a população de São Paulo chega próximo dos 12milhões de pessoas e temos um carro para cada dois habitantes! Após a crise do café e o fimda Segunda Guerra Mun- dial, a cidade começa a sofrer um processo maior de industrialização. Obras urbanísticas importantes come- çaram a ser implantadas em São Paulo a partir do fim dos anos 1930, pelo então prefeito Prestes Maia — que comandou a cidade por três gestões (1938-1941; 1941- 1945 e 1961-1965). O Plano de Avenidas de São Paulo propiciou o surgimento de grandes avenidas, o alarga- mento de ruas, a construção de túneis (como o túnel 9 de Julho), a retificação e canalização do rio Tietê, a avenida Radial Leste, o estádio do Pacaembu, que acabarampor definir a fisionomia de nossa cidade. Nesse período também surgiram duas grandes esta- tais, a Petrobras e a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), para, em seguida, a partir do governo de Jusce- lino Kubistchek, implantar a mudança da capital para Brasília, a indústria automobilística e outras atividades industriais. E assimo Brasil começava amigrar de uma nação rural para um país urbano. Nossa arquitetura ganhava as manchetes do mundo. Nossas cidades passam por fortes mudanças e cres- cimento, sem qualquer tipo de planejamento prévio. O modelo urbanístico e arquitetônico europeu vai sendo paulatinamente substituídopeloestilonorte-americano, refletindo a influência dos Estados Unidos na economia mundial. A cidade horizontal passa a receber edifícios altos. O transporte individual por meio do automóvel passa a ser o meio mais desejado. Nas cidades, os bon- des vão saindo de circulação. EmSão Paulo, os 300 qui- lômetros de linhas de bonde vão sendo desativados, até a extinção, por volta do fimdos anos 1960. O transporte rodoviárioentreascidadesvai substituindoos trens.Nos- sas ferrovias entramemdecadência equase sãoextintas. São Paulo se torna o principal polo industrial do país, provocando uma grande migração de brasileiros. A cidade cresce sem um planejamento adequado. Bair- ros periféricos foram sendo implantados para atender às novas demandas geradas em função do crescimento da população. Tudo semqualquer tipo de planejamento, projeto ou desenho urbano. A cidade foi crescendo sem meios de transporte adequados, sem escolas, sem hos- pitais, sem equipamentos urbanos... O legado de Pres- tes Maia não foi suficiente para acompanhar o ritmo de crescimento da frota automobilística. Loteamentos, clandestinos ou não, foramexecutados comruas estrei- tas, semcritérios, pensados apenas sob a ótica dos lotes e desarticulados do resto da cidade. Bairros mais cen- trais foram adensados e verticalizados sem os devidos cuidados como desenho urbano, semas devidas expan- sões do sistema de transporte e viário. SãoPaulo cresceu OPlanoDiretor aprovado em julho de 2015 chega atrasado e tentamais uma vez dar umrumo para o crescimento de uma cidade já construída Nosanos1930, oPlanodeAvenidasdeSãoPaulopropiciouo surgimentodeavenidas, túneisedoestádiodoPacaembu latinstock

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