RESPM-JUL_AGO-2015-alta

julho/agostode 2015| RevistadaESPM 53 construções verticalizadas, como no La Défense em Paris e no CanaryWharf emLondres. Situações simila- res aconteceramemBarcelona, Madri, Amsterdã e Ber- lim, que crescempormeio de planejamento antecipado, comdiretrizes claras, comdesenhourbanopreviamente estabelecido, de forma harmônica e homogênea,mesmo queperiodicamenteos planos sejamrevistos e ajustados. O crescimento da cidade de São Paulo vem pas- sando por um processo de desaceleração, em função da transferência do parque industrial para o interior do Estado e para outras regiões do país. Todavia, a região se recompõe, transformando-se numa cidade de prestação de serviços e de comércio e na mais impor- tante metrópole da América Latina. Todas essas trans- formações precisam ser cada vez mais bem compre- endidas e interpretadas nos planos de crescimento. Novos destinos e usos devem ser dados às regiões industriais da cidade, que precisam ser tratadas com planos urbanísticos mais consistentes. Nosso plane- jamento precisa estimular a permanência e a manu- tenção das áreas verdes e dos edifícios históricos, de forma mais inteligente, e incentivar a recuperação e o retrofit dos edifícios existentes. Precisa reformular bairros e regiões degradados, planejando com incenti- vos e parcerias mais sólidas e menos inseguras com a iniciativa privada, mesmo que isso leve longos anos de maturação. É necessário que os conjuntos residenciais de interesse social sejam edificados de forma menos agressiva na paisagem urbana e mais equipados com infraestrutura de escolas, saúde e transporte. É preciso que as cidades se tornemmais compactas e conectadas e, junto comseus planos, tragamsoluções de desenhourbano, demobilidadeurbana comsustentabili- dade. Tambémé preciso contar coma participaçãomais efetiva dos arquitetos e urbanistas, definindomodelos de ocupação como, por exemplo, gabaritos harmônicos e compatíveis de quadras e não de edifícios, ter metas transparentes de médio e longo prazos, sem se apegar só a ideologias políticas circunstanciais. É fundamental pensar e planejar não só as grandes metrópoles comoSãoPaulo,mas tambémtoda sua região metropolitana — lembrando que a Grande São Paulo é praticamente uma sómassa urbana, constituída por 39 municípios, com mais de 20 milhões de habitantes. É fundamental definir, claramente, como irão ocorrer as expansões, as integrações e as articulações dos meios de transporte, pensando no todo e não emcada territó- rio isolado, administrado por prefeitos na maioria das vezesdepartidospolíticos antagônicos e atédivergentes. É preciso que as forças da sociedade organizada, as universidades, os governos, incorporadores e construto- res, arquitetos, urbanistas e engenheiros, entre outros, se unam e compreendam as forças que movimentam o crescimento das cidades, os desejos dos cidadãos. Estes, por sua vez, devem parar de pensar exclusivamente em suas casas, suas ruas, seus bairros e entendam as reais demandasdas cidades, para assimse atingir umamelhor qualidade de vida para todos. Henrique Cambiaghi Arquiteto e urbanista, sócio-diretor da CFA CAMBIAGHI Arquitetura e presidente do conselho deliberativo da Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura e professor do curso de MBA em negócios imobiliários da ESPM Acidadeé tratadaepensadacomoumtabuleiroplano, não considerandoa topografiaeasdeclividadesdas ruas latinstock

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