RESPM-JUL_AGO-2015-alta

julho/agostode 2015| RevistadaESPM 57 Ainda que todos os cientistas visionários, ambienta- listas, tecnólogos, especialistas em segurança, futuró- logos, sociólogos, antropólogos e educadores cheguem a um inusitado consenso sobre como deva ser a cidade do futuro; ainda que haja abundância de recursos para que tudo isso seja desenvolvido e implantado; ainda que haja total receptividadepor partedapopulaçãoeque essa se engaje na mudança, há algo que precisa ser tratado imediatamente: a gestão das cidades, cujo modelo, no caso brasileiro, permanece estacionado no século 19 e em constante degeneração. É na cidade que a vida acontece Aadministração pública noBrasil obedece a ummodelo extremamente perverso, porque a vida acontece nas cidades, mas a maior parte do dinheiro dos impostos vai para os cofres públicos federais, que repassam percentuais aos Estados e aos municípios, segundo critérios muitas vezes políticos. O problema é que, ao privilegiar os objetivos político-partidários em vez da coletividade, essa fórmula acaba gerando distorções no processo administrativo. Para piorar a situação, a sociedade ainda é obrigada a lidar comprefeitos pouco ou nada preparados para exer- ceremo cargo. Omesmo acontece emmuitas secretarias municipais e tambémem importantes cargos comissio- nados, que são ocupados por pessoas semo necessário preparo técnicoou experiênciano ramo. Oque importa é a afinidadepolítica epartidária, quepassa longedoperfil técnico desejado para o exercício de determinadas fun- ções. Isso significa que, na área pública, os cargosmais importantes costumamser reservados à indicação polí- tica emuitos postos de segundo escalão acabampreen- chidos por apadrinhamento ou nepotismo. A Lei de Responsabilidade Fiscal trouxe algumalívio a esse cenário, na medida em que passou a punir o pre- feito que gastamais do que arrecada no exercício do seu mandato. Já é umavanço, mas não elimina o problema. Noentanto, nãoháalgoparecidocomoumaLei deRes- ponsabilidade Gerencial, que obrigue o administrador público, por exemplo, a não interromper obras iniciadas na gestão anterior, por mero capricho político ou diver- gência de opinião; não mudar abruptamente os rumos da gestão apenas porque o anterior era de outro partido; não dar sequência a projetos de longo prazo, apenas para isentar do devido crédito quem o iniciou; não preparar arapucas para o próximo prefeito; não personalizar em demasia a gestão, em detrimento dos interesses dos munícipes; e não distorcer estudos e pesquisas de forma a embasar ficticiamente suas decisões. Nomundo ideal, todasasprofissõessãonobresenecessárias. Eaquelas tarefascommenor prestígio sãoexercidaspor robôsoumáquinas, comonodesenhoanimado Os Jetsons , dosanos1960 latinstock

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