RESPM-JUL_AGO-2015-alta
sustentabilidade Revista da ESPM | julho/agostode 2015 68 menor toxicidade dos materiais utilizados. As empre- sas ocupantes desse tipo de edificação reduzem a taxa de absenteísmo e obtêm maior produtividade de seus funcionários. O governo, por sua vez, reduz gastos com água, energia, saúde e locais para disposição de resíduos. Gregory Kats, em seu livro Tornando nosso ambiente construído mais sustentável: custos, benefícios e estraté- gias, apresenta os resultados provenientes de 170 edi- fícios certificados como sustentáveis. A pesquisa iden- tificou uma série de benefícios relacionados àmelhoria da saúde e da produtividade dos funcionários que tra- balharam durante 20 anos em green buildings . O valor desses benefícios varia entre US$ 107/metro quadrado a US$ 538/metro quadrado, além de gerar uma econo- mia de US$ 5,38 de água, US$ 62,43 de energia e uma redução de US$ 91,49/metro quadrado nos custos de manutenção e operação, em média. Ainda, segundo a publicação — que está disponível para download no site www.secovi.com.br/sustentabilidade/tornando-nos- so-ambiente-mais-sustentavel —, os preços de venda de escritórios certificados são, em média, 9% superio- res aos de equivalentes convencionais, considerando suas idades, localizações, tamanhos e outros fatores que afetam as avaliações, alémde um aumento de 9,9% do retorno sobre investimentos, 6,4% na taxa de ocupa- ção e 6,1% no valor da locação. Compradores residen- ciais estão dispostos a pagar 5,8% a mais por moradias “verdes”. Já na esfera pública, uma economia de 11% em infraestrutura é esperada, quando os conceitos de uso e ocupação urbana sustentável também são agregados. Diante desse cenário, a pergunta é: se existem tantos benefícios oferecidos pelos green buildings , por que nem todos os edifícios são sustentáveis?Ocusto adicional de uma obra sustentável foi apontado como principal obs- táculo para sua execução, por 82% dos 813 respondentes de pesquisa realizada em2013. De acordo comos profis- sionais que trabalham em empresas com experiência nesse tipo de empreendimento, o custo pode acrescer, emmédia, entre 1,6% e 8,6%. Na produção imobiliária, regida pela Lei 4.591/64, o incorporador cria, constrói, vende e entrega as uni- dades autônomas aos proprietários, que as utilizam ou alugam aos usuários finais. Nesse modelo, que é o mais adotado no país, o negócio do desenvolvimento imobiliário se encerra após a entrega do bem e o cum- primento do prazo de garantia. Os benefícios econô- micos mais diretos das edificações sustentáveis são, no entanto, usufruídos pelos proprietários e usuários, que, ao contrário dos incorporadores, têm uma pers- pectiva de longo prazo. Como, então, reequilibrar a equação econômica do ponto de vista do incorporador, que é de quem nasce a iniciativa de realizar ou não habitações sustentáveis? Existem três possíveis soluções para a questão: 1. Concessão de incentivos tributários ou urbanísticos por parte do poder público para empreendimentos susten- táveis, com resultado econômico superior ou igual aos custos adicionais. Essa é a intenção da Quota Ambien- tal, presente no Projeto de Lei de Uso e Ocupação, em tramitação na Câmara de Vereadores de São Paulo; 2. Constatação de maior valor de mercado dos imóveis sustentáveis, que compensem os custos adicionais. Apesar da existência de pesquisas no exterior que com- provemque imóveis sustentáveis sãomais valorizados, comparativamente a similares convencionais, essa afir- mação ainda não pode ser comprovada no Brasil, pois até hoje não foi realizada pesquisa baseada em transa- ções imobiliárias efetivadas; 3. Confecção de projetos que agreguem atributos sustentáveis, sem nenhum ou com pouco acréscimo de custo. Essa última solução é a única que está exclusivamente ao alcance do desenvol- vedor imobiliário e pode ocorrer por meio de umestudo aprofundado das alternativas de projeto, com foco na redução de custos. Essa alternativa propicia ao incor- porador oferecer um produto sustentável pelo mesmo preço de venda de um convencional, reforçando com isso o aspecto social da sustentabilidade. Profissionais atuantes na indústria imobiliária con- tam com diversas publicações que podem auxiliá-los a adotar práticas de responsabilidade socioambientais em seus negócios. Entre elas, o documento Promovendo negócios responsáveis no uso e investimentos em terras/ terrenos, construção e imóveis , desenvolvido pelo Pacto Global das Nações Unidas em parceria com a Royal Osistemadigestóriodos grandes centros não é sadio e produz gases e resíduos que poluemanatureza e prejudicama qualidade de vidadas pessoas
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