RESPM-JUL_AGO-2015-alta
julho/agostode 2015| RevistadaESPM 73 balho em outras partes da cidade. Nesse sentido, a mobilidade é um ponto fundamental. Não só com transporte público, mas com espaço para caminhar e andar de bicicleta, que são modos de deslocamento muito mais baratos para oferecer à população. O projeto do prefeito Henrique Peña, em Bogotá, nesse sentido, é uma grande referência de visão social do planejamento urbano. Revista da ESPM — O senhor cita muito a questão da mobilidade. Amaio- ria das grandes cidades em desenvol- vimento convive com enormes áreas periféricas onde há pouca oportunidade de trabalho e geração de riqueza. De que forma uma nova visão urbana pode facilitar a inclusão e o desenvolvimento dessa população tão marginalizada? Gehl — Você está pedindo demais para mim. Sou apenas um arquiteto e não entendo muito sobre política ou economia no contexto da socie- dade moderna. É melhor perguntar para o seu presidente [risos]. Revista da ESPM — Vamos falar de umassunto que o senhor conhece bem: a sua própria cidade, Copenhagen. Quais foram as transformações que ela sofreu nas últimas décadas, que sirvam como referência para uma visão de cidade para pessoas? Gehl — Em Copenhagen, as mudan- ças são um processo permanente que já vem ocorrendo há 53 anos. A primeira rua fechada para o trá- fego, na cidade, foi em 1962. Desde então, temos implementado uma estratégia gradual de mudança no pensamento coletivo. Agora, todos os políticos e planejadores urbanos estão concentrados em um objetivo: tornar a cidade mais agradável e voltada para a convivência das pes- soas. Desde então, os governos têm restringido as áreas de estaciona- mento, reduzido o espaço de tráfego de automóvel das ruas, além de uma série de medidas para tornar cada vez menos atrativo dirigir dentro da cidade. Em contrapartida, foram construídas diversas ciclovias e fai- xas preferenciais de bicicleta para estimular esse meio de transporte. Revista da ESPM — Quais foram os efeitos práticos dessas medidas? Gehl — Hoje, 45% dos moradores de Copenhagen fazem diariamente seu trajeto de casa para o trabalho em bicicletas. E isso significa que a cidade é muito amigável, porque há muita gente caminhando e pedalan- do pelas ruas. Há muito menos pes- soas sozinhas em seus automóveis. Revista da ESPM — O senhor diria que isso mudou o espírito das pessoas? Gehl — Certamente. E eu diria que qualquer cidade pode fazer isso. Se você convida as pessoas para Oproblema de cidadesmodernas foi ter colocado enormes edifícios separados por grandes espaços vazios como modelo de urbanização. Éa chamada Síndrome deBrasília latinstock
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