RESPM-JUL_AGO-2015-alta
julho/agostode 2015| RevistadaESPM 97 A calçada viva exposta por Benedito Abbud na Casa Cor 2015 é composta pelo sistema urbano de drenagemsustentável (os suds), que retéma água da chuva, permite o seu reúso e pode ser uma grande aliada contra secas e enchentes para dar mais e mais espaço para os veículos, como aconteceu na avenida Santo Amaro, que hoje está deterio- rada. Lembro-me de chegar a vestir ternopara ir aocinema edepois comer em uma das lanchonetes dessa que já foi uma das avenidas mais bacanas da cidade. Tudo isso acabou quando começaram a diminuir a largura das calçadas para criar e depois ampliar o corredor de ônibus e o espaço para os carros. Reduzida a 1,5 metro, a calçada foi prensada entre a fachada dos prédios e o fluxo de veículos — que funciona comouma parede e aumenta a sensação de insegurança do pedes- tre, que teme ser atropelado. Para efeito de comparação, uma calçada ideal deve ter sete metros de largura. Logo, passear pela Santo Amaro dei- xou de ser minimamente agradável. O oposto ocorre na rua Oscar Freire, que fica cada dia mais bonita. Agora, estamos promovendo o alargamento das esquinas, que passarão a contar com minipraças. Utilizamos um pe- daço da esquina para plantar duas ou três árvores em cada canto. Assim, você pode ter cerca de 12 árvores por quarteirão, o que dá ao pedestre uma sensação mais agradável. A calçada que temvida é sempremais segura! Revista da ESPM — Qual seria o mo- delo ideal de cidade? Abbud — Uma cidade sustentável pensada para as pessoas, toda inter- ligada por parques lineares cortados por ciclovias generosas e repleta de locais pensados para estimu- lar a convivência entre as pessoas, a começar pela família. Uma boa arquitetura é capaz de melhorar a qualidade de vida e a relação entre os membros de uma família, que é a célula de toda cidade. Fiz um projeto para a construção de uma nova cida- de no interior da Bahia, que foi toda pensada tendo em vista os parques lineares. Quando esse projeto sair do papel, teremos a primeira cidade brasileira projetada para as pessoas, onde existe um sistema viário, mas os veículos são situados em segundo plano. Mas, independentemente da cidade, o que precisamos é pensar em projetos capazes de estimular a convivência, promover a cidadania e, assim, despertar nas pessoas o orgulho de morar em determinada localidade. Até porque quem ama cuida! Basta ver o que aconteceu em Curitiba durante a gestão de Jaime Lerner. Na época, tinha até concurso para premiar quem tivesse a casa mais bem cuidada. Esse é o tipo de iniciativa que desperta no cidadão o amor pela cidade. e s p e c i a l O f u t u r o da s c i da d e s b r a s i l e i r a s divulgação
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