RESPM-MAI_JUN-2015-alta
maio/junhode 2015| RevistadaESPM 131 atenção é ignorada. Essa empresa de planejamento que eu abri agora parte da ideia de que as pessoas são carentes. Empregados de uma em- presa são carentes de admiração, mas uma boa parte dos patrões não liga. Quem liga tem empresas de sucesso. Um exemplo é o Magazine Luiza, que cresce porque as pessoas ali gostam da Luiza Helena Tra- jano, a presidente da companhia. Ela se interessa mesmo pelos seus funcionários. Revista da ESPM — Como você ana- lisou o comportamento do consumidor brasileiro nos últimos anos? Durante o governo Lula, vivemos um processo de aumento da autoestima do consumi- dor. Uma parcela dos brasileiros que estava fora do mercado de consumo conseguiu entrar, e agora temos uma situação econômica que dá um choque de realidade em parte dessas pessoas. Julio — Não acho que o Lula tenha feito o pessoal comprar. Ele deu o dinheiro e as pessoas, por impulso ou por necessidade, compraram. En- tão, houve crescimento. A pessoa, primeiro, tem a necessidade básica de sobrevivência. Você precisa co- mer duas vezes por dia, pelo menos. Você precisa dormir oito horas. Se tiver uma mulher, tem necessidade de ter uma troca afetiva com ela, para a tua relação permanecer viva. Isso é necessidade. Mas no dia em que vê uma roupa, um carro ou uma casa que te dá vontade de comprar, você tem um impulso. E você pode ou não pode comprar. Se optar por adquirir o bem, você vai procurar uma forma de financiamento. Não há outra razão. Revista da ESPM — Entendo, mas as pessoas estão com menos poder aquisitivo neste ano... Julio — O impulso continua igual. A necessidade continua igual. O dinheiro é que mudou. Porque o PT nunca acreditou na sabedoria. A razão para as pessoas comprarem é a necessidade. Agora, se a pessoa não tem os meios, é impossível com- prar... A classe D diminuiu muito no Brasil graças ao PT. Mas isso parou, e agora o pessoal que tinha dinheiro já não tem. Revista da ESPM — Na sua avalia- ção, quem é mais afetado pela piora no cenário econômico? Julio — Geralmente, uma crise como a que estamos enfrentando é domi- nante na classe C. Você vai procurar um restaurante de classe A, e ele estará lotado. Já as pessoas de classe C, quando vão ao supermercado hoje em dia, compram menos do que an- tes porque têmmenos dinheiro. Revista da ESPM — O que podem fazer as marcas construídas com anos de investimento e de trabalho para evitar que, numa crise como a atual, o consumidor mude para uma marca mais barata? Julio — Eu não acho que as crises financeiras levem as pessoas a passa r de uma ma rca boa pa ra uma marca mambembe. A forma como você se relaciona com o consumidor é que determi na a não venda. Eu estou lendo o livro Planejamento estratégico digital (Editora Brasport, 2009), escrito por Felipe Morais, que diz ter com- Criada por JulioRibeiro em1991, a campanha ”Brastempnão temcomparação” marcouuma geração, e a frase ”Não é assimumaBrastemp” caiuna boca do povo fotos : divulgação
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