RESPM-MAI_JUN-2015-alta
maio/junhode 2015| RevistadaESPM 137 guardado o dinheiro e ter comprado o eletrodomés- tico à vista. Para a minha surpresa, ela me encarou e contestou: “Seu Renato, o senhor, com essa carinha de playboy, nunca deve ter lavado roupa no tanque. Se você tivesse lavado roupa no tanque uma vez na vida, você ia entender por que eu não vou esperar dois anos para comprar minhamáquina de lavar. Eu preciso dela agora”. Só assim eu entendi que ela estava disposta a pagar mais caro pela máquina porque não precisaria mais desperdiçar seu tempo, passando duas horas por dia lavando a roupa no tanque. Quem sou eu para dizer que ela está errada? Quando entendemos que para a classe média con- sumo e consumismo são conceitos diferentes, fica mais fácil compreender e atuar nessa revolução de consumo que nosso país tem vivido nos últimos anos. Hoje essa fatia da população brasileira movimenta R$ 1,35 trilhão por ano e é formada por mais de 110 milhões de pessoas. Se a classe média brasileira for- masse um país, estaria no G20 do consumo mundial. Estou dizendo isso para deixar claro que a classe média (ou classe C) não é mais um nicho de mercado. É uma necessidade estratégica para toda empresa que deseja crescer e desenvolver modelos de negócios que busquem a liderança de mercado. Ninguém é líder no Brasil se não for líder na classe C. Commais poder aquisitivo, esse público passou a ter acesso a bens antes exclusivos da elite. Como exemplo desse ingresso emnovas categorias de consumo, pode- mos citar as viagens de lazer — só no ano passadomais de dezmilhões de brasileiros viajaramde avião pela pri- meira vez. Isso nos leva a termuito cuidado como senso comum, que muitas vezes pode nos direcionar ao erro. AclasseCnãoestágastandomenos. Estácomprando menos, porquenãoconseguecomprar oquecomprava háseismesescomomesmodinheiro. Exigente dos seus direitos, ela está frustrada comos rumos da economia shutterstock
Made with FlippingBook
RkJQdWJsaXNoZXIy NDQ1MTcx