RESPM-MAI_JUN-2015-alta

Comportamento Revista da ESPM |maio/junhode 2015 144 60, 70, 80e90anos— incluindo-se aindaos centenários, já não tão raros entre nós. Na ressignificação dosmodos de vivenciar e representar a velhice como “melhor”, “maior” ou mesmo “feliz” idade, sugere-se o modelo da velhice ativa e gratificante contra arraigados estereótipos nega- tivos. Esse modelo positivo é associado a estilos de vida baseados no consumo de bens e serviços considerados adequados e desejáveis. Nas individualizadaseflexíveis formações identitárias, que caracterizam a atualidade, prevalece, de ummodo geral, o ideário do “envelhecer bem” associado ao man- ter-se ativo, bemdisposto—e jovem. Nobinarismonorma- tivo e hierárquico entre velhos e não velhos que permeia a construção social da juventude como padrão desejável, os jovens estão associados a atributos como saúde, jovia- lidade e beleza. Para osmais velhos, reservam-se as cono- taçõesdesagradáveiscomoa fragilidade físicae/oumental na senescência e a incapacidade de cuidar de si. Nessaconcepçãohipertrofiadadejuventudecomovalor, esse é umatributo a ser preservado emqualquer idade. O envelhecimentopassa a ser visto como algo contra o qual se torna imperioso lutar. Saúde, fitness e beleza formam um todo indissociável que fundamenta a noção de bem- -estar emovimenta, sobremaneira, as dinâmicas do con- sumo.Especialmentenoquedizrespeitoàaparênciafísica. Mais diretamente emrelação àsmulheres, não combater os efeitos do tempo e “deixar-se envelhecer” se confunde comlassidãomoral.Apesardefrequentementeserembem- -intencionados, osesforçosparamanteroenvelhecimento “bem-sucedido” podem se transformar em insensatez e tirania. Como lembra Guita Debert, em A reinvenção da velhice: socialização e processos de reprivatização do envelhe- cimento (EditoraEdusp, 1999), “avelhice [...] ébiográfica [...] eenvelhecer bemé subjetivo, nunca será igual para todos”. Maisrecentemente,ointeressenopotencialdeconsumo do público mais velho enseja certa profusão de imagens shutterstock Tendo a juventude como padrão desejável, os jovens são associados a atributos como saúde e beleza. Para osmais velhos, reservam-se as conotações desagradáveis, como a fragilidade física e/oumental e a incapacidade de cuidar de si

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