RESPM-MAI_JUN-2015-alta
entrevista | André Oliveira Revista da ESPM |maio/junhode 2015 16 Revista da ESPM — Começando pelo mais simples, o que faz a Box1824? André — Não é tão simples assim. Fazemos muita coisa! Nós somos um escritório de pesquisa de mer- cado, tendências e inovação. Essa é a tríade. Temos a inovação como um dos nossos pilares para a cria- ção de workshops com os clientes e o desenvolvimento da questão da linguagem na comunicação. Aí tem muito de consultoria. Depois, seguimos para a pesquisa de merca- do e o consumidor. Nascemos com um perfil diferente das empresas de pesquisa tradicionais, porque gostamos de fazer estudos mais profundos, levantar pontos para que o cliente possa ir mais longe. A partir disso, olhamos para o futuro e passamos a falar muito sobre tendências. Essa é a nossa vocação, tanto que uma das filosofias da Box é olhar o consumidor a partir dessa perspectiva. Esse é um mercado ainda pequeno no Brasil, mas esta- mos vendo-o crescer bastante nos últimos anos. Revista da ESPM — Olhar para o con- sumidor, como? André — Nós trabalhamos com uma pirâmide de influência, que tem no topo o Alfa, depois o Beta e, por fim, o Mainstream. Se tomarmos como exemplo o mercado de cerveja, o Alfa é aquele que já faz a sua própria cerveja e está muito envolvido lá na ponta. O Mainstream somos todos nós, que estamos começando a to- mar marcas como Budweiser, Stella Artois ou Heineken, que represen- tam uma categoria um pouco acima das que haviam no passado. E o Beta é o mais interessante, porque ele cir- cula entre os dois mundos e exerce a função de disseminador. Por isso, ele é o cara que antecipa o futuro. Sem- pre que realizamos uma pesquisa de mercado, focamos nesses três públi- cos, mas é no Beta que depositamos mais atenção. Essa é a Box. Revista da ESPM — Qual é o perfil dos colaboradores da Box e sua formação profissional? André — Eu, como responsável pela área de tendências da empresa, te- nho como origem a comunicação e a publicidade. No meu time tem uma designer gráfica, um designer de moda, uma cientista social e mais uma pessoa formada em letras. Ou seja, tudo o que você quiser, tem aqui ( risos ). A Box toda é assim, temmuita gente da área de ciências sociais e de comunicação, nós gostamos muito dessa mistura. Revista da ESPM — O mercado brasi- leiro, há décadas, trabalha com pesqui- sa qualitativa. O que diferencia a Box do que já está consagrado nessa área? André — A primeira diferença é esse nosso perfil multidisciplinar. Nós usa- mos e abusamos das mais variadas metodologias e temos uma vontade muito grande de sempre criar novas metodologias e de utilizar tal prática para quebrar algumas barreiras. Revista da ESPM — O modelo de tra- balho da Box está muito ancorado nos princípios das ciências do consumo. Pes- soalmente, como você define essa área? André — De maneira muito essen- cial, as ciências do consumo visam estudar o sistema econômico em que vivemos e cruzar esses dados com a maior profundidade das ciências sociais. As “ias” da vida — sociologia, antropologia, psicologia — conse- guem nos fornecer material para entendermos as reações das pessoas com o fetiche de uma marca e a aspi- ração dela em relação a algum códi- go. As ciências do consumo tentam entender essas relações. Revista da ESPM — Como isso se tra- duz para os clientes? André — Quando a Box surgiu, há dez anos, ela se destacou por conse- guir mostrar novas realidades que as pessoas estavam vivendo. Isso em grande parte tem a ver com a nossa metodologia de invasão de cenários, em que pegamos os ensinamentos da etnografia, da sociologia e da ob- servação participativa. Mas, em vez de posicionar essas pessoas dentro de uma sala fechada ou passar três dias com alguém usando o modelo convencional, nós desenvolvemos o conceito de ir para a rua e acom- panhar as pessoas de uma maneira Sempre que realizamos uma pesquisa de mercado, focamos em três públicos: Alfa, Beta eMainstream. Mas é no Beta que depositamos mais atenção. Essa é a Box!
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