RESPM-MAI_JUN-2015-alta
maio/junhode 2015| RevistadaESPM 21 jovem aspirando por uma postura mais neutra. No ano passado, nós fizemos um grupo sobre entreteni- mento, teoricamente, com meninos, teoricamente supermachistas e, de repente, um deles aponta para o colega e diz: “Você é gay. Conta para eles como é”. Ou as meninas falan- do para a gente que hoje a mulher trai mais que o homem. É esse novo feminismo aparecendo. O discurso pronto do brasileiro, há 30 anos, era muito mais conservador: “você tem de fazer isso ou aquilo”. Hoje, o jovem acredita que ele pode ser uma coisa e você, outra. Émuito natural, por esse motivo, que o tema da política esteja explodindo neste momento. São as pessoas tencionando ao máximo es- ses valores conservadores e liberais. Revista da ESPM — Falando em liberal e conservador, há, no mundo corporativo, uma resistência muito forte em aceitar os valores que os jovens estão trazendo para o mercado de trabalho. Os mais velhos questionam a falta de compromisso e resistência à hierarquia, enquanto os mais jovens não aceitam mais o modelo tradicional de empresa. Tem certo e errado nesse embate? André — Todo mundo tem razão ao mesmo tempo que ninguém está certo. Esse é um assunto tão impor- tante, que nós até criamos uma em- presa aqui na Box, a Nexo, para tra- tar, especificamente, sobre o tema. Ela é focada em recrutamento. Há de fato um embate muito grande. O que as empresas fazem é justamen- te repetir essa divisão geracional. “Nós somos assim, eles são assado.” E sabemos que isso não tem futu- ro. É uma postura para manter as empresas de mãos atadas e não se construir nada em conjunto. Nesse sentido, o mais interessante são os esforços das empresas em mon- tar times interdisciplinares, com mistura hierárquica. A discussão é clássica e válida: o jovem quer ser promovido no terceiro mês, e o profissional mais velho ralou muito para chegar onde está. Esse cenário está posto e ninguém vai mudar, nem o “garantido”, nem o “capri- choso”. O que pode mudar é uma tentativa de equalizar um pouco essa questão. Há jovens dispostos a aprender, mas também a ensinar. O que temos visto é um carreira cada vez menos linear e profissionais com várias atividades simultâneas. Então, a tendência que estamos en- xergando é mais uma estrutura de rede e não uma hierarquia linear. As empresas terão de se adaptar. É um cenário complexo. Seaculturaamericanadosanosde1990defendiamuitoessavisãodas tribos–osatletas, aspatricinhas, osesquisitos, osnerds–, hojeháumagrandemistura. Agora, obacanaparao jovemépoder transitar emtodasessas tribosdiferentes shutterstock
Made with FlippingBook
RkJQdWJsaXNoZXIy NDQ1MTcx