RESPM-MAI_JUN-2015-alta

Ciência Revista da ESPM |maio/junhode 2015 36 real), com ferramentas da neurociência, entre outros. Outras ferramentas, como surveys e big data , podem ser usadas de forma complementar ou separadamente, para enriquecer os dados e aumentar seu nível de pre- cisão e alcance. Emlinhas gerais, emumexperimento testam-se diver- sos cenários, simultaneamente, com indivíduos escolhi- dos de forma aleatória no grupo que se quer investigar. Sempre que possível, são utilizados grupos de controle que não sofrem qualquer tipo de intervenção. Alémdisso, usualmentemanipula-seapenasumavariá- vel, oupouquíssimas, entreosdiferentescenários testados como objetivo de isolar o efeito que está sendo estudado. Muitos são também incentivados financeiramente para tornaradecisãoomaisrealpossível.Umbomexperimento requerumdesenhoeplanejamentocriterioso, assimcomo a adoção de alguns protocolos não só no desenho, como tambémna condução e avaliação de resultados. A ascensão da área Nas últimas duas décadas, a economia comportamen- tal e suas aplicações empíricas têm vivido seu auge, ganhando cada dia mais destaque, tanto no meio aca- dêmico quanto em áreas como marketing, sustentabi- lidade e políticas públicas. Apesar de os primeiros estudos sobre o que atual- mente chamamos de economia comportamental terem surgido na segundametade do século 20 e continuarem a ser amplamente analisados até hoje, vários fatores têm contribuído para a ascensão dessa área. Ummarco importante para a área foi a escolha do psi- cólogo israelense Daniel Kahneman para receber, ao lado do economista Vernon Smith, o Prêmio Nobel de Economia de 2002 por seus estudos que forneciamuma visão integrada da psicologia na economia e utilizavam uma abordagem experimental. Também importante foi a premiação de Vernon Smith por consolidar o uso de experimentos em laboratório como ferramenta para estudos empíricos em economia, principalmente para mercados e leilões. Outro divisor de águas foi o lançamento de livros didá- ticos e acessíveis sobre os estudos da área, que alcança- ramrapidamente as listas demais vendidos. Encabeçam a lista: Rápido e devagar — duas formas de pensar (Editora Objetiva, 2012), escritopelopróprioKahneman, que pode ser considerado uma das grandes referências que temos atualmente sobre o assunto; Nudge — o empurrão para a escolha certa (Editora Elsevier, 2008), do economista Richard Thaler, da University of Chicago (considerado também um dos pais da economia comportamental) e do advogado Cass Sunstein, da Harvard Law School; e Previsivelmente irracional (Editora Elsevier, 2008), de Dan Ariely, professor da Duke University, que — com uma abordagem divertida e irreverente — foi a porta de entrada para muitos leigos e amantes da área, tanto no mundo dos negócios quanto em áreas não diretamente relacionadas. Assim, nos últimos anos, começamos a vivenciar a consolidação da área internacionalmente. Um exemplo foi o World Development Report 2015 , do Banco Mundial, intitulado Mind, Society and Behavior , que foi totalmente dedicadoàeconomiacomportamental eexperimental em paísesemdesenvolvimento.Outroexemplofoiadimensão que o Behavioural Insights Team (BIT) — fundado em 2010 na Inglaterra e ligado diretamente ao governo— tomou ao propagar o uso de experimentos nas políticas públicas.

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