RESPM_MAR_ABR_2015 ALTA

março/abril de 2015| RevistadaESPM 107 maneira particular e intencional ao que se apresenta nomomento presente sem julgamentos”. Tal definição conta com a influência direta da psicologia budista, e não é ao acaso. O cientista biomédico com doutorado em biologia molecular Kabat-Zinn teve seu primeiro contato com a meditação em uma palestra proferida por Philip Kapleau, um missionário zen-budista, no Massachusetts Institute of Technology (MIT). Com o interesse despertado pelo tema, ele passou a estudar a questão e acabou fundando a Clínica de Redução de Estresse, na Escola de Medicina da Universidade de Massachusetts, onde adaptou os ensinamentos budis- tas sobre mindfulness e desenvolveu sua metodologia de intervenção terapêutica: o Mindfulness-Based Stress Reduction (MBSR). Apartir daí, ameditação e os estudos sobre mindfulness passarama ser parte do mainstream da comunidade médica científica internacional. Em2003, noartigo The benefits of being present: mindful- ness and its role in psychological well-being , Brown e Ryan definiramo conceito como sendo a atenção e a consciên- cia receptiva à experiência presente. No ano seguinte, Scott R. Bishop ofereceu uma definição mais ampla de mindfulness : “é a autorregulação da atenção de forma que a mantenhamos na experiência imediata, permitindo assimmaior reconhecimento dos eventosmentais que ocorremnomomento presente, commaior curiosidade, abertura e aceitação”. Após umestudo sobre as diversas definições de mindfulness , em 2005, Germer, Siegel e Paul Fulton sugeremque tal prática é composta por três características básicas: consciência (1) da experiência presente (2) com aceitação (3). Ao ler este artigo, você pode se perceber distraído em algunsmomentos e teráde reler alguns trechosqueantes foramlidos de formadesatenta.Mais ainda: durante a lei- turavocêpode ter sensaçõesprazerosasoudedesconforto capazes de lhe oferecer pistas interessantes sobre suas crenças e atitudes, que passam despercebidas por você. Pode ainda reconhecer tais sensações e pensamentos, mas reprimi-los, ou distorcê-los, para reforçar paradig- mas bem estabelecidos em seu modelo mental e não ter consciência de que está fazendo isso . E isso é estar mindless , que representa umestado oposto de mindfulness . A boa notícia é que mindfulness é uma habilidade e pode ser desenvolvida, como explicam Siegel, Germer e Olendzky: “Assim como podemos melhorar nosso desempenho físico por meio da prática regular de exer- cício físico, podemos tambémdesenvolver mindfulness por meio de práticas mentais deliberadas”. Estudos indicamque desenvolver essa habilidade traz diversos benefícios relacionados a bem-estar, autocompaixão, sistema imunológico, pressão arterial, concentração e processamento cognitivo, entre outros. Com tantas evidências encontradas sobre os benefí- cios de mindfulness no campo da saúde, omundo corpo- rativopoderia se beneficiar de alguma forma?Qual seria o impacto no potencial de inovação das organizações caso meditações do tipo mindfulness fossem incentiva- das como prática entre seus colaboradores? Da Índia para o Vale do Silício Podemos argumentar que, se algo faz bemao indivíduo, fará bemà organização na qual o indivíduo trabalha. Em novembro de 2013, a revista The Economist publicou a NoBrasil, mindfulness éusualmente traduzidocomo atençãoplena eestáassociado tantoaumconstruto teórico, umahabilidadecognitiva, umtraçopsicológico, quantoaum conjuntodepráticasmeditativasparasedesenvolvê-la latinstock

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