RESPM_MAR_ABR_2015 ALTA

março/abril de2015| RevistadaESPM 117 na relação com o mercado, as coisas começaram a caminhar bem. Tanto que o pessoal de Google, Facebook, e outros, está muito ativo dentro das agências, o que não acontecia antes. Mais que isso: eles estão levando gente de agência para trabalhar comeles. Arnaldo — Existe um movimento de institucionalização desses grandes players dentro da estrutura do merca- do de propaganda brasileiro? Washington — Sem dúvida alguma. E aí o Brasil mostra que é um país fas- cinante. Nós somos um dos maiores países analógicos do mundo, sendo aomesmo tempo umdosmais digitais também. E ainda há lugares em que o Brasil não é nem analógico nem digi- tal. No ano passado, nós fizemos um comercial de Coca-Cola emBetânia do Piauí, onde as crianças nunca tinham visto o Natal porque não havia luz elé- trica. Enós levamos oNatal para lá. Por isso é que o Brasil, para quem temvon- tade, tesão e talento para trabalhar, é o lugar perfeito para quem quer ser o publicitáriodo futuro. Arnaldo — Você comentou que os profissionais de propaganda de hoje precisam ser multidisciplinares. O que há de bom e ruim nessa nova geração? Washington — Houve uma mudança geracional nos últimos anos que foi uma pena para o negócio. Nós cria- mos uma geração de muitos toureiros que não gostam do touro. A grande mágica do trabalho da comunicação e que envolve outros profissionais é quando você percebe que todomundo brilha. Existe um texto lindo do He- mingway, que entendia tudo de tou- rada, contando como um grande tou- reiro, no final do espetáculo, impres- sionava o público mostrando como ele era muito bom, mas que também conseguia fazer com que todo mundo achasse que o touro também era fan- tástico. Em propaganda está faltando um pouco disso. Essa mágica da cum- plicidade, do profissional que seja encantado comos clientes. Tudo ficou muito descartável. Criou-se ainda uma vertente do politicamente incor- reto mal-educado, em contraponto a umpoliticamente correto que émuito certinho, mas chato. Eu defendo, no meio disso, o politicamente saudável, que preza a irreverência e não trata o consumidor com paternalismo, mas respeita o outro. Arnaldo — Em sua opinião, os pu- blicitários deveriam gostar mais dos clientes. Mas não há uma contraparti- da dos clientes, que também não gos- tam ou não têm mais a mesma relação de confiança com os publicitários? Washington — Sem dúvida alguma, temos esses dois lados. Você sabe que, por exemplo, as remunerações por resultado, que geraram empresas enormes, viraram um elemento para shutterstock A tecnologia ofereceu uma oportunidade brilhante para o desenvolvimento de ideias, mas essa mesma tecnologia é também um péssimo artifício para esconder a falta delas

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