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março/abril de2015| RevistadaESPM 13 Quemouveotrovão nãomorrepeloraio Por Alexandre Teixeira Foto: Divulgação P ara o economista Luiz Carlos Mendonça de Barros, o momento de risco do Brasil como PT já passou. “Se o Lula quisesse ter seguido omesmo caminho desses malu- cos que tem aqui na América Latina, ter mudado a Constituição para ser reeleito de novo, teria poder e apoio”, diz ele nesta entrevista concedida no dia seguinte à gran- demanifestação contra o governoDilma, em15 demarço. “Poderia ter destruído a democracia brasileira.” A turbulência atual, segundo ele, reflete o fim de um ciclo político — o que o deixa animado enão temeroso. “O trovãode ontemmostra que o raionão vai cair nanossa cabeça.” Ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e ex- ministro das Comunicações do governo FernandoHenrique Cardoso, Mendonça de Barros é dotado de uma capacidade invejável de monitorar assuntos aparentemente dispersos e unir os pontos entre eles. Hoje em dia, explica o que acontece com o petróleo — “A Opep forçou a queda atual para levar à bancarrota as empresas que produzemóleo a partir do xisto”, escre- veu no Valor Econômico — com a mesma “sem- cerimônia” com que analisa a ruptura na con- dução da política econômica do primeiro para o segundo governo de Dilma Rousseff: “Levy é um diabo mais inteligente [ do que os outros economistas liberais da Universidade de Chicago ]”, afirmou em uma entrevista ao Estadão . Estrategista à frente da equipe de gestores da Quest Investimentos, da qual é sócio, “Mendonção”, como é conhecido, é um dos mais respeitados economistas brasileiros. Keynesiano confesso, nunca se acomodou no ninho “desenvolvi- mentista”, nem muito menos junto à ortodoxia “neoliberal”, da qual não raro desdenha — “Precisamos criar uma direita no Brasil”, já declarou aqui mesmo neste espaço. Em janeiro de 2005, disse em entrevista à revista IstoÉ Dinheiro : “Estamos num piqueni- que à beira de um vulcão ativo (...) a erupção que estou prevendo que possa acontecer neste ano ou no próximo é de umtipo que acontece a cada 30 ou 40 anos”. Naquelemomento, a eco- nomia global voava em céu de brigadeiro e nemNouriel Roubini, o “doutor apocalipse”, pre- via a crise financeira que começou com o estouro da bolha do “subprime” em 2007 e chegou ao ápice em 2008, com a quebra do Lehman Brothers. Suas previsões, como se vê, merecem ser levadasmuito a sério.

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