RESPM_MAR_ABR_2015 ALTA

Globalização Revista da ESPM |março/abril de 2015 136 O ano de 2015 traz à tona debates sobre a desaceleraçãodocrescimentodaeconomia brasileira. Um dos entraves para o cresci- mento econômico deve-se ao estigma de entrante tardio na arena competitiva global. O Brasil ainda se relaciona pouco com outros países. Em 2010, uma pesquisa apontou que apenas 95 empresas ver- de-amarelas possuíam investimentos em ativos no exterior (posse de escritórios comerciais, centros de distribuição ou plantas produtivas). Recentemente, umesforço empreendido peloObser- vatório deMultinacionais Brasileiras da ESPMmapeou a presença de 400 empresas no exterior. No entanto, quando comparada com outras nações, a presença de empresas brasileiras em mercados estrangeiros ainda é tímida. O Brasil não está nem perto de ingressar no ranking dos 20maiores investidores domundo, que é composto por economias emergentes, como a China, que aparece na terceira colocação, e é seguida pela Rússia. Em2012, neste ranking figuraramalguns países latino-america- nos como o México, na 15ª posição, e o Chile, que ocu- pou o 17º lugar ( ver quadro ao lado ). Para agravar o problema da falta de competitividade internacional, notamosquedesde2009os investimentos brasileiros emoutros países se encontramestagnados. Então, por que devemos investir no exterior? Essa é uma boa rota para fugir do custo-Brasil: os prin- cipais gargalos competitivos doBrasil devem-se ao custo de operar no país, como tributação excessiva, infraes- trutura precária, legislação trabalhista deficiente, alto nível de burocracia, corrupção, mão de obra pouco qua- lificada e falta de acesso a financiamento. Outro benefício: as maiores taxas de retorno sobre investimento. Vale ressaltar que de 2012para 2013houve crescimento de 9% das vendas de subsidiárias instala- das no exterior. Ocusto e a qualidade damãode obra tambémfiguram entre os pontos positivos. Quando comparado a outras economias em desenvolvimento, o Brasil possui um dos maiores custos de mão de obra, apresentando uma média de US$ 12/hora. Somosmenos competitivos que países comoMéxico (US$ 0,9), China (US$ 2,8) e Taiwan (US$ 9,2). Alémdisso, temos umdosmenores níveis de produtividade do mundo. Obaixocrescimentodopaís tambémjustifica a aposta no exterior. O cenário econômico projetado para 2015 não é nada animador. A previsão é de que o PIB brasi- leiro tenha uma elevação de apenas 1,2%. Por último, temos a conquista de um nível maior de inovação e aprendizado: o Brasil figura na 61ª posição entre os países mais inovadores do mundo. Inovamos menos queEstônia (24º), Chile (46º), Qatar (47º), Panamá (52º), Costa Rica (57º) e Macedônia (60º). Apesar de todos os gargalos elencados, o Brasil ocupa a quintaposição entre os países quemais recebeminves- timentos, atrás apenas dos Estados Unidos (1º), China (2º), Rússia (3º) e Hong Kong (4º). Ou seja, o país ainda é atrativo no que tange ao crescimento do mercado con- sumidor. Mas existem outros mercados que podemos explorar e aomesmo tempo buscar novos aprendizados. Fonte de aprendizado Em 2014, um estudo sobre inovação emmultinacionais brasileiras realizadopelaESPMrevelouque ainda apren- demos pouco comas operações no exterior. Apenas 29% das empresas analisadas apresentaramummaior nível de transferência de inovação de processos e produtos. Omaior nível de inovação emprocesso se dá na Amé- rica do Sul e de produto na América do Norte. Esse fato aponta para a necessidade de estabelecer operações em paísesmais desenvolvidos queoBrasil para aumentodas inovações emproduto. Emcontrapartida, a atuação em países emergentes nos ensina como operar emambien- tes de negócios desestruturados e adaptar produtos para consumidores da base da pirâmide. O levantamento também analisa como os aspectos gerenciais e estratégicos colaboramcomo incremento do nível de inovação das multinacionais brasileiras. Por exemplo: • Conferir maior grau de autonomia às subsidiárias aumenta a responsividade local, ou seja, contribui para a adaptação de produtos e processos ao contexto de negó- cios do país anfitrião. • Os gestores têm a percepção de que a competição em países estrangeiros é intensa, os consumidores exigem cada vez mais padrões de qualidade elevados e funcio- nalidades em produtos e serviços, e os competidores

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