RESPM_MAR_ABR_2015 ALTA

entrevista | Luiz Carlos Mendonça de Barros Revista da ESPM |março/abril de 2015 16 Alexandre — Mas o céu continua car- regado lá fora. Luiz Carlos — Agora você tem uma gestão complicada de uma situação política difícil. Há um mandato no- vinho começando e uma presidente que perdeu a capacidade de liderar o país. Alexandre — Quanto você coloca de risco político nos seus cenários? Luiz Carlos — Hoje, eu sou extre- mamente otimista. Uma mudança previsível, com essa melhora na dis- tribuição de renda e esse aumento da classe média, é que, politicamente, o país iria mudar para a direita, pelo menos para a centro-direita. É uma coisa que acontece em qualquer lu- gar do mundo. Quando você é pobre e não tem inserção formal na econo- mia nem segurança no futuro, você olha o governo como sendo a tábua de salvação. Portanto, todo o discur- so que coloca o governo como prin- cipal elemento da economia é bem- vindo. Quando o cara depende só do salário dele, ele não precisa mais de bolsa. Ele depende de a economia continuar a crescer, para não perder o emprego e ter oportunidades de aumento de salário. Isso é claramen- te uma mudança da esquerda para a direita. Da centro-esquerda para a centro-direita. Alexandre — Por que um cidadão que melhora de vida muda, necessaria- mente, para a direita? Luiz Carlos — Porque depende mais dele e do mercado do que do governo. Isso o PT ainda não percebeu. Embora as eleições do ano passado já tenham sido uma demonstração disso. Houve um deslocamento importante de votos do PT para o Aécio. Foi uma eleição muito mais difícil. Onde o país tem mais institucionalidade, ela [Dilma] levou uma tunda. Em São Paulo, per- deu; no Rio Grande do Sul, perdeu, e numa série de outros lugares. E a avaliação dela já despencou. Alexandre — E a partir de agora, o que acontece, na sua avaliação? Luiz Carlos — Agora, fechou-se um ciclo e, em qualquer análise que você tiver de fazer sobre economia, para os próximos quatro ou cinco anos, terá de incorporar esse ele- mento novo. Alexandre — Vamos pôr agora a política dentro de uma perspectiva maior, até para buscar entender que tamanho ela deve ter hoje dentro de um planejamento estratégico. Nós falamos muito de big data. Nunca se Se o Lula quisesse ter seguido omesmo caminho dessesmalucos que temaqui naAmérica Latina, termudado aConstituição para ser reeleito de novo, ele teria poder e apoio Quandoocidadãodependesódosaláriodele, elenãoprecisamaisdebolsa. Eledependedeaeconomiacontinuar acrescer, paranãoperder oemprego e ter oportunidadesdeaumentodesalário latinstock

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