RESPM_MAR_ABR_2015 ALTA
Desenvolvimento Revista da ESPM |março/abril de 2015 26 O Judiciário, supostamente o último bastião da legali- dade no país, está comsua credibilidade emxeque após o passeio de Porsche do juiz que investigava o caso Eike Batista, a injustificada voz de prisão dada por outro juiz à oficial de trânsito que cumpria sua função e parou-o em uma blitz, e as dúvidas crescentes quanto à impar- cialidade do Supremo Tribunal Federal em sua atual configuração. Enquanto o governo pede sacrifícios à população e aumenta impostos, o Congresso expande os benefícios dos congressistas e aumenta os próprios salários e os da presidente, de ministros e juízes. Não satisfeito, ainda quer construir para uso próprio umpalacete ao custo de mais de R$ 1 bilhão. No ideal democrático, o Estado serve à sociedade. No Brasil real, ele foi usurpado por gangues que o usam comoummeiode servir a interesses próprios.Mais grave ainda que roubar a razão de ser do Estado, esses grupos roubaramnosso orgulho de sermos brasileiros e nossa capacidade de acreditar no próprio país. Na opinião de muitos, empoucos anos, o Brasil passou do país emque o futuro parecia estar chegando ao país sem solução, eternamente condenado ao fracasso. Corrupção, impunidade e impotência alimentaram uma desesperança de proporções inimagináveis. Varia- ções da frase “OBrasil não temmais jeito” são cada vez mais comuns; notícias de brasileiros deixando o país em números que não se viamhá décadas, também. São as crises que trazem oportunidades É óbvio que um cenário assim traz enormes desafios. Menos óbvio, ele também traz muitas oportunidades nos mais diferentes setores da sociedade. Nos períodos de vento favorável, o barco semove rapi- damente semque tenhamos de cuidar de suas velas. Tor- namo-nosdisplicentes, preguiçososeacomodados.Coma economiacrescendoemmédia5%aoanoentre2004e2008, dezenasdemilhõesdebrasileirossendo incorporadosaos mercadosde trabalhoede consumoe ademandapor pro- dutosbrasileirosnoexterior batendo recordes, os salários subiamacimadainflação,oslucrosdasempresascresciam emritmoaceleradoeosdesequilíbrioscrescentesdascon- tas públicas pareciampouco importantes. O cessar dos ventos e do crescimento expôs a insus- tentabilidade dessas situações. Salários só continuam subindoacimada inflaçãoseaprodutividadecresce. Para ganhar mais, o trabalhador temde produzir mais. Caso contrário, seu produto ou serviço ficará cada vez mais caro e acabará não sendomais comprado, sua empresa perderá dinheiro e o trabalhador, o seu emprego. Sem nenhumprograma nacional amplo e profundo de auto- mação e qualificação de mão de obra para acelerá-la, a produtividadenopaís estagnoudesde 2011. Pior, a indús- tria, o setormaismecanizado e produtivo da economia, foi a mais penalizada pela política econômica dos últi- mos governos que estimulava consumo, mas desesti- mulava produção. No dia 2 de agosto de 2011, o governo lançou o Pro- gramaBrasilMaior, voltadoaaumentaracompetitividade A indústria foi amais penalizada pelapolítica econômicados últimos governos que estimulava consumo, mas desestimulavaprodução
Made with FlippingBook
RkJQdWJsaXNoZXIy NDQ1MTcx