RESPM_MAR_ABR_2015 ALTA

março/abril de 2015| RevistadaESPM 27 da indústria por meio de maior intervenção governa- mental. Desde então, a indústria encolheu e recente- mente teve o menor nível de produção emmais de dez anos. Agora, o PIB tambémestá encolhendo. Chegamos ao cúmulo de, se o Brasil parar, a situaçãomelhora. No momento, andamos para trás. Quando o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega tomou posse há nove anos, o Brasil tinha um superavit na balança comercial de produtos manufaturados de US$ 20 bilhões. Quando deixou o governo, há meses, o país tinha umdeficit de US$ 120 bilhões. À desindustrialização e ao desequilíbrio das contas externas somam-se o pior resultadofiscal, amaior infla- ção emmais de uma década e a queda do PIB. Os proble- mas atuais não foram criados agora, foram semeados nos anos de fartura, quando havia demanda aquecida e preços elevados das commodities agrícolas e minerais que o Brasil tanto exporta. Da mesma forma, os resultados positivos dos ajus- tes que hoje são inadiáveis transcenderão, e muito, o momento atual. Na bonança, semeamos os problemas futuros; nas crises, plantamos as soluções, os avan- ços, as melhoras. Por exemplo, foi só em resposta à crise da desvalori- zação do real, em 1999, que ameaçava levar o Brasil à insolvência, que foi feito nosso único ajuste fiscal sig- nificativo dos últimos 25 anos. Na época, foramaprova- dos o projeto de autonomia do Banco Central e a Lei de Responsabilidade Fiscal — que permitiram que o cres- cimento se acelerasse alguns anos depois, quando as condições externas melhoraram. Como melhorar a atuação do Estado? Para o Estado brasileiro, a crise atual deixa ao menos três frentes de ajustes e correções. Primeiro, planejamento e gestão são imprescin- díveis se não quisermos viver novas crises hídrica, hidrelétrica e outras. Chega de só reagirmos aos pro- blemas econômicos e tratarmos suas consequências. Temos de antecipá-los e cuidar de suas causas, criando um ambiente de negócios favorável a investimentos e planejamento de longo prazo, por meio de regulamen- tações econômicas claras, estáveis e que reduzam a burocracia no país. Umexemplo de que isso é possível foi a recente imple- mentação do programa para facilitar e acelerar o fecha- mentodeempresasnopaís eoanúnciodeque, emmeses, o processo de abertura de empresas também será sim- plificado, reduzindo o tempo médio de quase 120 dias para cinco dias. Facilitar a abertura e o fechamento de empresasestimularáoempreendedorismo, contribuindo para a geração de empregos, a inovação e o crescimento. Segundo, um Brasil mais competitivo, rico e justo requer um Estado menor, menos oneroso à sociedade emais eficiente. Só assimsobrarão recursos para redu- zir nossa colossal carga tributária, aumentar os investi- mentos em infraestrutura, educação e saúde e diminuir as necessidades de financiamento do governo, criando condições para termos taxas de juros mais baixas e, por consequência, atrairmos menos capital especula- tivo e termos uma taxa de câmbio mais competitiva. shutterstock Ocessar dosventosexpôsa insustentabilidadedasituação vividapelomercadonacional nosúltimosanos.Naopinião demuitos, oBrasil passoudopaísdo futuroaopaíssem solução, eternamentecondenadoao fracasso

RkJQdWJsaXNoZXIy NDQ1MTcx