RESPM_MAR_ABR_2015 ALTA

Estratégia Revista da ESPM |março/abril de 2015 44 O império Inca é conhecido por sua evolu- ção tecnológica e seu vasto território, que englobavadesdeonortedoEquador, osul da Colômbia, o Peru e a Bolívia, até onoroeste da Argentina e o norte do Chile. Evidências arqueológi- cas publicadas pela revista Proceedings of the National Academy of Sciences , em julho de 2013, comprovamque há 500 anos, antes da chegada dos espanhóis, os incas já praticavamas “Capacochas”, que no idioma quechua representamas cerimônias de sacrifício humano. Esses cerimoniais celebravameventos solenes como amorte do imperador, a vitória de uma grande batalha e os even- tos bienais do calendário inca. Os sacrifícios eramreali- zados coma crença e a expectativa de parar ou prevenir secas, terremotos, erupções vulcânicas e epidemias. De forma semelhante aos rituais dos incas, as orga- nizações realizam cerimoniais de planejamento com base em crenças que geram resultados diferentes das expectativas. As crenças e condições vigentes nos últi- mos 20 anos não prevalecemmais, por isso hoje senti- mos o mundo mais complexo e imprevisível. Aconvergênciadenovas forças atuantes (descontinui- dade, volatilidade e hiperconectividade) estámudando rapidamente a economia global com reflexos significa- tivos nas organizações e nas pessoas. Amaior parte das crençasquenos serviramnopassadose torna irrelevante. Estamos frenteamudançascomimplicaçõesextraordi- náriasparaos líderesempresariais, comodetalhaoartigo Management intuition for the next 50 years , publicado na McKinseyQuarterly,emsetembrode2014.Nocenáriocon- temporâneoarealidadenãoémaiscomoelacostumavaser. Precisamos ter uma nova “caixa de ferramentas ana- lítica”, conforme afirma o sociólogo polonês Zygmunt Bauman, professor daLondonSchool of Economics. Para qualificar o mundo em que vivemos, Bauman cunhou o termo “modernidade líquida”. Ementrevista ao Portal Ciência & Vida, ele justifica que o uso da palavra “liqui- dez” como sendo “a incapacidade de reter sua forma por muito tempo e sua propensão a mudar de forma sob a influência demínimas, fracas e ligeiras pressões é ape- nas o traço mais óbvio e também a característica mais consequente de nossa atual condição sociocultural”. Para o sociólogo alemão Ulrich Beck, professor da Universidade deMunique e da London School of Econo- mics, vivemos em uma “sociedade de risco”, na qual a produção social de riquezas é acompanhada sistemati- camente pela produção social de riscos. Esse cenário é apresentado no artigo “Sentidos do risco: interpretações teóricas”, publicado na Revista Bibliográfica de Geografía YCiencias Sociales , emmaiode 2008. O textomostra que há “uma nova forma de capitalismo, uma nova forma de economia, uma nova forma de ordemglobal, uma nova forma de sociedade e uma nova forma de vida pessoal”. Até meados do século 20, o objetivo do pensamento científico da racionalidade clássica era a descoberta das leis universais danatureza comuma abordagemreducio- nista, ou seja, estudando as partes, entendia-se o todo. Opensamentocomplexoque representamelhor a reali- dade atual surgiunos anos de 1970 e está emcursode ela- boração. Nele, aspartes integramo todo,masnãoperdem suas características individuais, conforme exemplifica a metáforade EdgarMorin:osfioscompõemotapete.Estesó étapeteporcausadosfios,masoqueoconstituiéarelação entre os fios de sua contextura e o conjuntoda tapeçaria. Aceitar que conv ivemos com a incer teza e a

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