RESPM_MAR_ABR_2015 ALTA

março/abril de 2015| RevistadaESPM 61 parte do conjunto de atributos que qualificamos gesto- res à luz da inteligência emocional. Para tanto, deve-se entender o funcionamento do cérebro que busca, por meio de suas manifestações naturais, proteger-se e favorecer a sua sobrevivência e perpetuidade. Nesse sentido, destaca-se o cérebro social responsável pelos comportamentos altruístas e egoís- tas dos seres humanos. “Nascemos emorremos sozinhos, mas só se vive com os outros.” A frase do filósofo Blaise Pascal (XVII) revela que somos seres sociais e dependemos um dos outros, comodetalhaMariotti, no livro Pensandodiferente . Reforça esse sentimento a afirmaçãodeMaudF.Mannoni, psica- nalista francesa que revela ser o maior dos desejos dos seres humanos o desejo de ser desejado e que nossas ati- tudes e comportamentos são orientados nessa direção. Foi oneurocientistaGiacomoRizzolatti e seus colegas daUniversidade de Parma, Itália, que em1996 descobri- ram a associação do comportamento humano a partir da identificação ocorrida por meio dos “neurônios-es- pelhos”. Os neurônios-espelhos são associados a vários comportamentos humanos, entre eles a identificação com os outros seres humanos. Portanto, eles reforçam nossa condição de seres sociais, possibilitando, a partir da “mimetização”, a inclusão aos grupos ou tribos a que pertencemos ou gostaríamos de pertencer. Associadas ao cérebro social encontram-se algumas das neuroses que abalam o comportamento humano. Entre elas está a denominada “ansiedade de referência”, cuja opinião externada ou percebida das pessoas com as quais nos relacionamos são de extrema importância, reforçando ou transformando as nossas atitudes. Nessesentido, oserhumanobuscaalinhar seucompor- tamentoesuasdecisõesdeacordocomaopiniãodaqueles que fazem parte de seu grupo de referência, reforçando seu sentimento de inclusão e pertencimento. Portanto, a busca pelomaior engajamento dos colabo- radores estánacapacidadedeentenderem-seas emoções presentes emsuasmentes, dissuadindo seusmedos ima- ginários por meio da motivação e do feedback contínuo das atitudes e comportamentos. É o que FlávioGikovate explicano livro Mudar (EditoraMGEditores, 2014): “Moti- vações são causas; comportamentos são efeitos”. Recomendações finais A neurociência cognitiva e seus desdobramentos ampliam as perspectivas que envolvem o processo de tomada de decisão dos seres humanos. David Smith e Scott Huettel — autores do artigo Decision neuroscience: neuroeconomics , publicado em2010 — afirmamque isso ocorre, principalmente, pela busca por variáveis que venham a modular o processo decisório, também os aspectos relacionados à inteligência emocional que interferem sobremaneira nesse processo. Recomenda-se, assim, aaplicaçãode instrumentospsi- cométricosqueavaliamograudasinfluênciasemocionais sobreapersonalidadedossereshumanosdeformaaavaliar, portanto, onível de influênciadocérebrobiológicoesocial sobreocomportamentohumano,queimpactanoprocesso detomadadedecisões.Assim,asferramentasdegestãodes- tacadaspelapesquisadaBain&Company,oplanejamento estratégicoeapesquisadeengajamentodoscolaboradores obterãonovasperspectivasdeavaliaçãoeanálise,aoconsi- derarainterferênciadasquestõesafetivo-emocionais,sem quehaja aprevalência somentedas estruturas cognitivas. Oswaldo Paleo Professor, pesquisador e consultor de empresas shutterstock

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