RESPM_MAR_ABR_2015 ALTA

março/abril de 2015| RevistadaESPM 67 A dinâmica desse momento caracteriza forte apren- dizagemcontingencial. Vale lembrar que não é apenas o ator-executor da açãoplanejadaque irá agir,mas todos os atores relacionados a essa ação, o que necessariamente irámodificar a situação vivida anteriormente, razãopela qual será indispensável uma nova explicação situacio- nal e a partir daí os seus momentos complementares. Esse processo de monitoramento atento e tempestivo tende a reduzir a incerteza introduzida pela liberdade de ação dos atores envolvidos. Conclusão planejada Algumas incertezas presentes no ambiente de negócios são derivadas da atuação dos diferentes atores sociais envolvidos no contexto institucional, sobretudo em suas perspectivas política, econômica e organizacio- nal. A dinâmica desse arranjo institucional muda com expressiva velocidade ao sabor dos interesses e das ati- tudes desses atores. Sendo assim, qualquermetodologia de organização da ação estratégica deve levar emconsi- deração essesmovimentos e contextos, preocupando-se em estabelecer adequado entendimento da realidade vivenciada, além de dispor de recursos metodológicos capazes de conduzir a ação de forma eficaz. Osmétodos tradicionais de planejamento são derivados da racio- nalidade econômica, não tratando adequadamente os vetores políticos intervenientes, sobretudo quando do regime de escassez de recursos. Novas possibilidades metodológicas devem ser experimentadas frente aos desafios aguçados pelas incertezas vigentes. Nessa linha de pensamento, o PES deve ser considerado não apenas no sentido do seu método original, mas, também, em aspectos conceituais que podem fazer emergir novas possibilidades metodológicas e instrumentais. A título de conclusão, podemos considerar as seguin- tes contribuições práticas do PES: reconhecer a impor- tância e o papel de todos os stakeholders, considerando o conjunto de interesses, as motivações e a força polí- tica; conceber o diagnóstico como uma “obra aberta”, commúltiplas perspectivas, em permanente atualiza- ção; modelar múltiplas trajetórias de ações a partir de cenários situacionais alternativos; negociar e alavancar a viabilidade do plano de ação no âmbito político e das capacidades cognitivas, financeiras e organizacionais; conduzir o conjunto de ações transformadoras retroali- mentandooplanejamento, nummoto-contínuodeapren- dizagem e mudança; incorporar no escopo do plano de ação as demandas necessárias à viabilização do plano original (normativo), equalizando custos e benefícios, tanto políticos quanto de recursos. Em síntese, Carlos Matus contribui com suas ideias para o enfrentamento das incertezas na tomada de deci- são, ao nos ajudar a lidar com as incertezas provenien- tes da ação dos principais stakeholders envolvidos na trama social de nossa realidade. É o que Carlos Huer- tas demonstra no livro Entrevista com Carlos Matus: o método PES (Edições Fundap, 1995). Vale ressaltar que sua abordagemde governo se aplica emmuitos aspectos ao governo das organizações demercado, ampliando as possibilidades metodológicas aplicáveis ao escopo da governança corporativa. Luiz Roberto Romero Gonçalves Mestre em educação (UERJ), especialista em administração (UFRJ), graduado em física (UERJ) e diretor acadêmico de pós-graduação e educação executiva da ESPM-Rio shutterstock

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