RESPM_MAR_ABR_2015 ALTA
entrevista | RAJ SISODIA Revista da ESPM |março/abril de 2015 78 melhor, e não apenas no seu lucro. Se o socialismo se baseia em repartir e o capitalismo, no interesse próprio, eu acredito que é possível combinar os elementos positivos desses dois conceitos em ummodelo muito mais próspero para o futuro. Arnaldo — Como o senhor enxerga a aplicação do capitalismo consciente em uma situação de crise? No Brasil, esta- mos enfrentando um momento de alta da inflação, recuo do PIB e incerteza das empresas para realizar investimentos. Essa filosofia pode ser positiva para a retomada da nossa economia? Sisodia — Eu não tenho acompanha- do de perto os desdobramentos eco- nômicos recentes do Brasil, mas de maneira geral essa é uma situação em que todos os atores precisam entrar em cena: o governo, a sociedade e as empresas. O governo precisa ter uma visão de propósito maior e negociar como setor privado as condições para que os investimentos tomem forma e não congelem a economia em temas como competitividade e infraestrutu- ra, por exemplo. As empresas, por ou- tro lado, precisam ter uma visão mais aberta em relação a novas oportuni- dades e entender seu papel perante a sociedade. Na Índia, uma das empre- sas mais admiradas, a Tata, mudou profundamente sua imagem quando passou a trabalhar ao lado do governo para atender às necessidades do país, ampliando muito o seu raio de atua- ção em novos negócios. É necessário esse tipo de visão: como identificar as oportunidades sem perder o foco no bemmaior? Arnaldo — Mas, em momentos de cri- se, a grande maioria das empresas não pensa no bemmaior. Sisodia — O jeito tradicional de se fa- zer negócio é baseado na autodefesa. As empresas vão enxergar a melhor maneira de cortar custos e manter a sua rentabilidade, sem se preocupar com os empregados ou a sociedade. A iniciativa privada compõe a espi- nha dorsal de qualquer país, gerando empregos e impostos necessários para a manutenção do tecido social. Por isso, os empresários precisam ter essa noção de responsabilidade. Arnaldo — Eu gostaria que o senhor comentasse essa relação entre Estado e iniciativa privada. Nas economias mais liberais, os empresários costumam se afastar do poder público e vice-versa, criando muitas vezes uma relação de mútua desconfiança. Em economias commaior peso estatal, cria-se em diver- sas situações uma relação de privilégio a grupos econômicos, com pouca trans- parência. É atribuição das empresas um papel mais ativo na formulação de políticas públicas que vão além de seus interesses setoriais? Amaneira como vimos fazendo negócios está provocandomais estragos do que benefícios para a sociedade. Por isso, é preciso criar uma nova conexão entre as empresas e a comunidade Odiferencial da rede de produtos naturaisWhole Foods está emestabelecer umanova visão das pessoas sobre a alimentação, emcomo a comida pode ser um instrumento paramelhorar a saúde e a qualidade de vida latinstock
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