RESPM_MAR_ABR_2015 ALTA

março/abril de2015| RevistadaESPM 79 Ojeito tradicional de fazer negócio é baseadona autodefesa. As empresas vão enxergar amelhor maneirade cortar custos emanter a sua rentabilidade, semse preocupar comos empregados oua sociedade Sisodia — Essa é uma obrigação de todos, e as empresas não devem se furtar desse papel. Toda sociedade precisa de líderes e os empreende- dores devem cumprir essa função. Mas não quando apenas defendem os seus próprios interesses: “eu quero isso ou eu quero aquilo”. É preciso cuidar do coletivo primeiro. A reali- dade é que as lideranças das grandes companhias globais ainda pensam dessa maneira, criando uma relação antagônica com os interesses dos go- vernos, o que sustenta esse clima de hostilidade entre capital e Estado. Eu acredito que o capitalismo fez mais pelas pessoas nos últimos 200 anos do que qualquer outro modelo. Aju- dou a reduzir a pobreza, a estender a expectativa de vida da população e, em essência, está baseado no direito à liberdade do indivíduo. Mas tam- bém está relacionado à exploração do ser humano e a custos elevados para a sociedade e o meio ambiente. Por isso, defendo que o capitalismo de hoje deva ser aprimorado. Muitas companhias que estão até há 100 anos no mercado mudaram muito sua abordagem nas últimas décadas, privilegiando o retorno financeiro e sua relação com os acionistas acima de tudo. Essa visão precisa mudar. Arnaldo — Um velho ditado do mer- cado financeiro diz que “o dinheiro tem medo”. O senhor é otimista com essa mudança de visão corporativa, especial- mente em ummomento de crise? Sisodia — É muito difícil dar uma res- posta para essa questão. A mudança de comportamento tem muito a ver com as lideranças de cada compa- nhia. Até um ano atrás, eu via a maio- ria das empresas preocupada apenas com a última linha do balanço, mas agora já enxergo uma abertura maior para novas ideias. E numa situação de crise, é muito complicado oferecer uma receita que se encaixe para to- dos. Boa parte dos empresários tenta reverter o cenário negativo cortando pessoal e cobrando mais de seus funcionários, sem se preocupar com os efeitos coletivos dessas decisões. Eu acredito que eles deveriam enxer- gar mais o longo prazo, adotando e passando a ideia de que é preciso um sacrifício coletivo a ser compensado mais adiante quando a crise for su- perada. Mas não é o que acontece na maioria das vezes. Arnaldo — O que o senhor recomen- daria para uma empresa em situações de crise? Globalmente, estamos en- frentando o acirramento de tensões políticas em várias partes do mundo, a derrubada dos preços do petróleo, problemas econômicos na Europa e em Brics como a Rússia e o Brasil. Há muitas incertezas no ar. Sisodia — Em momentos de crise, o que as pessoas mais procuram é Ogoverno precisa ter uma visão de propósitomaior e negociar como setor privado as condições para que os investimentos tomemforma e não paralisem a economia, emtemas como competitividade e infraestrutura, por exemplo latinstock

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