RESPM_MAR_ABR_2015 ALTA

março/abril de 2015| RevistadaESPM 93 Assim, sou contra frear fortemente os investimentos em inovação, independentemente das possíveis razões que se possam apresentar. Parar de inovar significa hipotecar o futuro da empresa, o que, obviamente, não pode ser considerada uma opção. Aliás, a pior coisa que pode existir para inovação é a descontinuidade. Pode- mos acelerar umprograma, desviar seu rumo original, mas a garantia da continuidade pede consistência nos investimentos ao longo do tempo. Cada companhia, independentemente da situação do país, tem compro- missos com os seus acionistas e quer crescer. As empresasdevemolhar combastantecuidadoparaa sua carteira de projetos e perguntar se essa carteira está bem balanceada em termos de tempo e de risco. Muito foco no curto prazo é umproblema, pois no longo prazo a empresa estará descoberta. O inverso também é ver- dadeiro: foco predominante no longo prazo pode fazer a empresa não ter pernas para suportar umpercurso que será demorado. Da mesma maneira, o foco emprojetos de baixo risco não é uma boa estratégia, pois a empresa será pouco diferenciada no mercado. Por outro lado, o foco exagerado em projetos de alto risco também não é uma opção saudável, pois se eles não derem certo, a empresa não terá o que apresentar ao mercado. Diante desses extremos, balancear a carteira de pro- jetos é chave em todos os momentos, e ainda mais em períodos complexos como está sendo o atual. Emmomentos comoeste, épreciso ser seletivo, buscar as prioridades e, aomesmo tempo, continuar investindo parasemantercompetitivonosmercadosnacionaleinter- nacional. Ou seja, o investimento eminovaçãoprecisa se manter para que a empresa continue crescendo, fazendo frente aos seus desafios de competitividade. Numa situa- ção de baixo crescimento e inflação, o foco se dámais no curtoprazo, oquepodeprejudicaroolharno investimento de médio e longo prazos. Inovação é uma atividade que requer investimentos emprojetos de um, três, cinco, dez anos. Por isso acreditamos que esse tipode investimento deve, sim, ser mantido em nível competitivo, apesar de estarmos emumcenário que inspira cautela. Quandosefalaeminovação,alémdosinvestimentosedas estratégias de cada empresa, há tambémquestões relacio- nadas aomacroambiente nacional. Dentre essas questões estão as de natureza estrutural, que podemos simbolizar comovalesqueseparamelementosquedeveriamestarjun- tosou,aomenos,unidosporpontes.Vejaalgunsdessesvales: — O vale entre a produção científica e a inovação no mercado. Temos avançado por meio de várias iniciativas, como os Núcleos de Inovação Tecnológica (NITs), a Embrapii etc., mas precisamos avançar mais rapidamente. — O vale comercial entre o Brasil e o resto do mundo. Somos pouco conectados comercialmente. — O vale de competitividade que separa o Brasil das economias mais modernas. — O vale existente entre as pequenas e médias empresas e as grandes. — O vale entre as pessoas que têm acesso à boa educação e as que não têm. Momentos complexos como este que o Brasil vive nos permitem olhar no espelho sem maquiagem e enxergar de verdade nossos desafios. Nadécadade1980nossa produção industrial representava25%do PIBnacional, agora representaapenas13% shutterstock

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