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Revista da ESPM | setembro/outubrode 2015 100 Revista da ESPM — Em que mo- mento os brasileiros começaram a liderar a cadeia global de valor no segmento de granito? Olívia — Depois de passar mais de uma década vendo a Itália comprar o nosso granito, processar o material e revendê-lo por sete vezes mais do que o valor da pedra bruta, começamos a frequentar as principais feiras inter- nacionais e a entender como funcio- nava essa cadeia de valor. Logo perce- bemos que para trabalhar esse bloco e atender à demanda do mercado internacional com um produto manu- faturado, precisaríamos de tecnologia avançada e equipamentos de ponta. Como a Itália já domina o processo de tratamento da rocha ornamental, passamos a importar maquinário de lá para polir a rocha e exportar o produto semiacabado ao mercado americano, que é omaior consumidor de granito do mundo. Em paralelo, o setor investiu na qualificação de sua mão de obra e criou um evento para atrair compradores internacionais interessados em nossas pedras. Com esse movimento, que teve início há 15 anos, nos tornamos os maiores especialistas em rochas ornamentais do mundo. Afinal, só aqui no Brasil é possível encontrar mais de 300 tipos de rochas ornamentais. Revista da ESPM — Hoje, como as empresas de granito do Brasil estão inseridas nas cadeias globais de valor do seu setor? Olívia — Deixamos de produzir commodities, aprendemos a vender nosso produto no exterior e, com isso, conseguimos eliminar um dos intermediários no processo de negociação. Antes, a Itália comprava o bloco do Brasil, processava e man- dava para os Estados Unidos. Agora, a maioria das empresas brasileiras que só faziam a extração da rocha passou a fazer também o beneficia- mento e exportar o produto semia- cabado para mais de cem países. Hoje, temos mais de 200 empresas exportadoras, somente no Estado do Espírito Santo. Na outra ponta, ampliamos a nossa participação nos Estados Unidos, que compram em torno de 70% da nossa produção de rochas processadas. Atualmente, 33% de tudo que o mercado ameri- cano importa de chapa polida é do Brasil. Com esse posicionamento, Temumapedra nomeiodocaminho... ol í v i a t i rello | CentroRochas No passado, a Itália comprava o bloco de granito no Brasil, processava e vendia o produto no exterior por sete vezes mais do que o valor da pedra bruta. Há 15 anos, o setor investiu emmão de obra qualificada, importou maquinário italiano, passou a beneficiar a rocha e a exportar o granito semiacabado direto para os Estados Unidos. Em 2014, por exemplo, o setor exportou US$ 1,280 bilhão, dos quais US$ 1 bilhão foi de chapa polida. “Ainda continuamos vendendo o bloco para países como China e Taiwan, que não compram o produto processado, mas a chapa polida já representa uma parcela significativa do nosso faturamento. Isso porque o seu valor é sete vezes superior ao preço do material bruto”, salienta Olívia Tirello, superintendente do Centro Brasileiro dos Exportadores de Rochas Ornamentais (Centrorochas). “Hoje, só não exportamos mais por conta da baixa qualidade logística do país e da falta de apoio do governo.” Enquanto aChina leva 15 dias e gastaUS$ 800 para enviar seus produtos aos Estados Unidos, o Brasil demora 80 dias para abastecer omercado americano a umcusto logístico de US$ 2,5mil

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