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Revista da ESPM | setembro/outubrode 2015 102 exportações. Ainda assim, atender o consumidor final no exterior não é interessante para os empresários brasileiros, porque o país não está preparado para atuar nesse modelo. O que nos impede de trabalhar com o produto totalmente acabado é a logística complexa que temos aqui no Brasil. Nossas rodovias estão em péssimas condições, assim como as ferrovias. Nossos portos também não estão adequados para receber as grandes embarcações. Além disso, temos uma dificuldade geográfica, uma vez que o mundo gira no senti- do horizontal, o que facilita o comér- cio entre os países do hemisfério Norte. Como estamos no hemisfério Sul, nossa rota é vertical, o que enca- rece o frete. Enquanto a China leva 15 dias e gasta US$ 800 para enviar seus produtos aos Estados Unidos, o Brasil demora 80 dias para abastecer o mercado americano a um custo logístico de US$ 2,5 mil. Revista da ESPM — As dificuldades para organizar e liderar uma cadeia global de valor são grandes e talvez não possam ser superadas sem a partici- pação do governo brasileiro. O que o governo poderia fazer em parceria com os grandes exportadores nacionais? Olívia — É só deixar a gente traba- lhar! Num momento em que todos os setores brasileiros estão regis- trando perdas significativas, a ba- lança comercial de agosto apontou a chapa polida de granito como um dos cinco produtos que tiveram re- corde no volume exportado em2015. Estamos fazendo a nossa parte, que é buscar o cliente lá fora, firmar par- cerias, investir na modernização do nosso parque industrial e entregar o melhor produto para o mundo. Mas chegamos a um ponto em que sem o mínimo de infraestrutura logís- tica não vamos conseguir ampliar o nosso papel nessa cadeia global de valor. Os maquinários mais mo- dernos do mundo estão aqui. O que falta agora é incentivo do governo para viabilizar a importação de mais equipamentos ou ainda a produção nacional de maquinários e insumos usados no processo de polimento da pedra. Hoje, tudo é feito pela inicia- tiva privada, sem qualquer tipo de apoio governamental. Infelizmente, vivemos em um país que não in- centiva seus empreendedores nem investe em áreas essenciais como a de pesquisa e desenvolvimento tecnológico, em que o país está 200 anos atrasado em relação ao resto do mundo. Revista da ESPM — Na história das cadeias globais de valor, ninguém é líder sem possuir conhecimentos e marcas fortes. A Centrorochas pos- sui alguma ação de marketing para consolidar a imagem de qualidade do granito brasileiro no exterior? Olívia — Para continuar liderando essa cadeia de valor no mercado americano, nós estamos desenvol- vendo um projeto em parceria com o Marble Institute of America (MIA), para promover os diferenciais da rocha brasileira nos Estados Unidos. Estamos em fase final de aprovação de um plano de marketing, que irá mostrar aos arquitetos, decoradores e engenheiros americanos a enorme variedade de rochas brasileiras, a ca- pacidade que o país tem para atender todos os tipos de projeto e o fato de ser umproduto natural, semcompos- to químico. Vamos investir cerca de US$ 50 mil por mês nessa iniciativa, que está prevista para durar de três a cinco anos. ol í v i a t i rello | CentroRochas Deixamos de produzir commodities, aprendemos a vender nosso produto no exterior e, com isso, conseguimos eliminar umdos intermediários no processo de negociação latinstock
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