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entrevista | Gary Gereffi Revista da ESPM | setembro/outubrode 2015 120 nível mais alto de pesquisa e desen- volvimento associado à sua econo- mia, trabalhando muito com gran- des companhias multinacionais. O problema é que o país agora está preocupado em atrair mais indús- trias. Eles são tão bons em pessoal técnico, que as empresas querem trabalhar com eles, mas isso precisa funcionar de maneira associada à indústria para produzir resultados efetivos à economia do país. E essa é uma fortaleza do Brasil: o país tem um tecido industrial enraizado e uma grande indústria de maté- rias-primas. Isso põe o Brasil, natu- ralmente, numa posição vantajosa, mas, para entrar na elite, precisa olhar além do seu horizonte. Revista da ESPM — Para onde, exa- tamente? Gereffi — Quando você consegue atingir certos níveis de sofisticação, é possível ver empresas em todos os lugares, como é o caso das coreanas. Assim como está acontecendo com as companhias indianas. E agora estamos começando a ver mais empresas chinesas também. Se as maiores companhias brasileiras co- meçarem a deter essas tecnologias, elas é que passarão a comprar em- presas no mundo e ser as grandes investidoras. É claro que o Brasil tem muito para crescer na América do Sul, mas precisa se globalizar mais e focar nos mercados consu- midores de maior demanda. Revista da ESPM — A forte desva- lorização do real é suficiente para o Brasil reativar suas exportações na indústria? Gereffi — A desvalorização ajuda, mas a questão não é preço, e simqualidade. Ter produtos mais baratos ajuda a ven- der, mas se o que você oferece é visto como commodity industrial, seu mer- cado pode até crescer, mas a inovação não vai aumentar por conta disso. A chave é inovar onde você é mais com- petitivoe aparecer nomercado sempre comnovidades. Éoque faz aCoreia em eletrônicos, o que acontece em vários segmentos na Alemanha ou na in- dústria moveleira da Dinamarca, por exemplo. Eles estão sempre se pressio- nando para colocar seus produtos no topo da inovação nas cadeias globais. Paraassumir a liderançadosegmentode telefoniamóvel, aSamsungcriouuma novaáreadeP&Dedesigne focousuaestratégianomercadoexportador shutterstock
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