RESPM-SET_OUT-2015-baixa
setembro/outubrode 2015| RevistadaESPM 125 Revista da ESPM — Do ponto de vista das cadeias globais de valor, onde estariam os maiores pontos de conver- gência entre Brasil e Estados Unidos? Em setores importantes, como agricul- tura, mineração e até mesmo petróleo, os dois países são competidores. Gereffi — Há potencial em algu- mas áreas de alto valor agregado da indústria, como equipamentos médicos, por exemplo. Eu fiquei surpreso quando descobri que o Brasil tem o maior sistema público de hospitais do mundo. Esse é um segmento dinâmico, onde haverá muita inovação e oportunidades pa ra as empresas amer icanas. Mas é claro que o Brasil tentará preservar esse mercado para suas própr ias empresas. Out ra á rea importante é a ambiental. O Brasil tem tantos recursos naturais que irá demandar bens de alta tecno- logia em atividades como manejo e preser vação de f lorestas, por exemplo. Hoje já se fala que a ET [ Environment Technology ] será a nova IT [ Information Technology ] e o Brasil, sem dúvida, já tem muito conhecimento. É um segmento para o qua l os Estados Unidos, mesmo com suas batalhas inter- nas, estão atentos. Há muito espa- ço para inovação conjunta nesse mercado. Energia é outro exemplo, em que o Brasil já tem o mais an- tigo programa de combustíveis renováveis do mundo. Então, um caminho interessante é trabalhar em áreas onde os dois países não enfrentam uma situação de con- fronto e podem se desenvolver com interesse mútuo. Revista da ESPM — O senhor é otimista com o Brasil neste novo ce- nário global? Gereffi —OBrasil está descobrindo as cadeias globais de valor e redescobrin- do, digamos assim, a economia global. Boa parte desse fenômeno se deve à China, que se tornou uma referência importante por conta do seu sucesso emmelhorar de posição dentro dessas cadeias de valor. Isso faz com que o Brasil perceba que, mesmo com todos os laços econômicos criados com a China, o país está ficando para trás. Está claro que as economias emergen- tes tornaram-se players poderosos no contexto internacional, mas o Brasil precisa levar a globalização mais a sério. Há várias maneiras de partici- par desse jogo, e o país precisa definir agora como vai entrar emcampo. divulgação Gereffi eaequipedaUniversidadedeDuke: ”Somentepaísesgrandes, comooBrasil, têmcapacidadedeatrair umaempresa comoaFoxconn. Seconseguir fazer essemovimento, ele irámelhorar sensivelmentesuaposiçãonascadeiasglobaisdevalor”
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