RESPM-SET_OUT-2015-baixa

entrevista | Mark Dutz Revista da ESPM | setembro/outubrode 2015 16 informação. Ir aos lugares em que as iniciativas estão funcionando me- lhor e trazer esse conhecimento para o seu mercado. Essa noção de cadeia global de valor tem menos a ver com inovação de ponta e mais com a es- pecialização e o desenvolvimento de capacidades que tornem o seu negó- cio mais competitivo. Revista da ESPM — Nossa indústria está pouco conectada com seus pares em outros países? Dutz — Há um erro na mentalidade brasileira em achar que o país deve fornecer as condições para que as empresas cumpram localmente to- das as etapas da cadeia de produção, seja um automóvel ou um iPad, pro- tegendo seu mercado doméstico da concorrência estrangeira. O conceito da cadeia global de valor é produzir um, dois ou três elos da cadeia de maneira muito competitiva, recor- rendo a fornecedores mais eficientes em outras atividades no exterior. Dessa forma, a indústria brasileira poderia produzir muito mais, não para um mercado doméstico pro- tegido apenas, mas para o mundo inteiro. Isso criaria mais empregos e de melhor qualidade. O que está em jogo com as cadeias globais de valor é a oportunidade de aprender com os melhores, trocar experiências e elevar a produtividade de sua econo- mia. Para o trabalhador, é também uma oportunidade de aprender com as melhores práticas globais, qualifi- car suas habilidades e, com isso, ter mais oportunidades no mercado. Revista da ESPM — O recente relató- rio Doing Business 2015 mostra uma realidade aterradora do Brasil: estamos na posição 120 em 189 países com mais facilidade para fazer negócios. Entre alguns destaques negativos estão 12 procedimentos para abrir uma em- presa, ante a 4,8 da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Eco- nômico (OCDE), e uma carga tributá- ria de 68,9% sobre o lucro, em relação a 41,3% da OCDE. O que é mais preocu- pante na lista de problemas brasileiros? Dutz — Francamente, o que mais me chamou a atenção é que esses rela- tórios, até pouco tempo atrás, não tinham nenhum tipo de repercussão entre os formuladores de políticas no Brasil. O quadro que você está pin- tando não é apenas sobre o relatório de 2015, mas é o mesmo desde que o Banco Mundial começou a fazer esse levantamento. O que me deixa mais otimista é o fato de haver um interes- se maior das autoridades em melho- rar essa situação. O fato de haver hoje uma força-tarefa dentro do Minis- tério da Fazenda para cruzar todos esses estudos e simplificar processos é muito positivo. Esse relatório é ape- nas um indicador para os países de como uma série de regulações pode ser simplificada ou complicada para estimular ou frear a geração de mais negócios. Então, o saldo positivo é de que o governo brasileiro parece mais comprometido em simplifi- AAlemanha foi opaísquemelhor seajustouaosquatro fatores- chavedecrescimentoeacabouse destacando, enquantooBrasil não

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