RESPM-SET_OUT-2015-baixa

setembro/outubrode 2015| RevistadaESPM 31 Esse preâmbulo visa preparar o leitor para uma abor- dagempé no chão da capacidade competitiva da econo- mia brasileira, que está mais para pessimista por uma única razão: a tragédia da educação brasileira. Façamosumapanhadodasituação. Comoandaanossa competitividade? Um grande número de estudos, uti- lizando um amplo leque de ferramentas, avalia o grau de competitividade das diversas economias nacionais. Um dos mais conhecidos, o Doing business , do Banco Mundial, vem sendo trabalhado há anos, tendo cons- truído uma consistente série histórica. Praticamente todos os rankings coincidem ao colocar o Brasil entre a metade e o terço inferior das nações do planeta em termos de competitividade. Entre as duas centenas de países, estamos, claramente, na metade retardatá- ria. Quando se analisam universos mais seletos, caí- mos para os últimos postos, o que confirma estarmos na mediana inferior da competitividade. Em nossos melhores indicadores, aparecemos entre o primeiro quartil e o terçomais avançado. Emquase nada somos vanguarda mundial. Já nemmais no futebol. Antes de tratar o que está acontecendo em cada um dos três grandes setores da economia, há de constatar uma problemática que atravessa tudo: a produtividade do trabalho. Há fortes diferenças de produtividade nos diversos setores e dentro dos setores. Oproblema surge quando amédia é baixa, pois produtividade é fator deci- sivo da competitividade. Há outros fatores complemen- tares, como a capacidade de pôr produtos no mercado mundial, mas no essencial eles espelham a produtivi- dade. Se a produtividade é elevada, um país cria capa- cidade de oferecer produtos no mercado mundial. Se é baixa, o país tende a depender dos circuitos distributi- vos que dominam cada setor — e nossa média é baixa. Para liderar cadeias globais de valor é preciso ter elevada produtividade nos principais elos da cadeia produtiva. O problema da economia brasileira atual é que a sua pro- dutividademédia estagnou durante os últimos 20 anos, enquanto em quase todo o mundo ela vem crescendo, namaior parte dos países regularmente e na Ásia acele- radamente. O problema é que a Ásia representa, grosso modo, a metade da população do mundo. Usando o conceito de produtividade total de fatores, a do Brasil caiu 0,1% ao ano, enquanto na Índia subiu 1,8% e na China, 2,8% shutterstock

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