RESPM-SET_OUT-2015-baixa
setembro/outubrode 2015| RevistadaESPM 33 Noúltimociclodecrescimento, àscarênciasnaqualidade do trabalho somou-se uma inflexão rumo ao declínio na oferta de trabalho, fruto da radical revolução demográ- fica que o país está vivendo. Empoucos anos, passamos de uma oferta abundante de trabalho à rigidez de oferta. Com isso, o Brasil está combinando baixa qualidade na oferta de trabalho comrestrições quantitativas. Estão entrandomenos jovens nomercado de trabalho, e essa oferta é de baixa produtividade. Alémdas pressões redis- tributivas, o custo do trabalho passa a subir pela escas- sez demãode obra. Apeculiaridade é que, aqui, esse pro- cesso aconteceu de forma diferente do que foi na quase totalidade dos países desenvolvidos: ele está ocorrendo antes de alcançarmos uma renda média mais elevada. Ficamos caros antes de termos ficado ricos. Éverdadequeaprodutividadedosdiversossetoresvaria muito.Pensemosnatradicionaldivisãoentreostrêssetores básicos — primário, secundário e terciário —, começando por esteúltimo, osetor quemaismãodeobraabsorveuno últimociclohistórico.Trata-sedeumsetoraltamentehete- rogêneo, em que os segmentos de alta produtividade são pequenos emrelação à grandemassa, de baixa produtivi- dade. Aindústriade transformação—osetor secundário— temprodutividademédiamais elevada. Oproblema éque esse setor vemtendoasuaparticipaçãonoPIBdeclinante há30anos.Naviradadomilêniooprocessoseacentuoue, hoje,produzimosbasicamenteumvalorequivalenteaoque produzíamos em2008. A indústriabrasileira está virtual- mente estagnada, e nãohá sinal de reversãoda situação. A tentativa de preservar a indústria na amplitude que ela adquiriu ao longo do processo de substituição de importações com políticas defensivas acabou por limitar nossa especialização num momento em que a indústriamundial se reorganizava emcadeias de valor mundialmente estruturadas. Os tratados de livre comér- cio foram direcionando essa redistribuição dos inves- timentos no mundo, campo em que o Brasil, entre os players significativos, foi dos menos ativos. Os poucos acordos feitos nesse sentido foram com países peque- nos, como aminúscula economia de Israel. OMercosul tem regredido, a Área de Livre Comércio das Américas (Alca) morreu de morte matada e a aproximação com a União Europeia esbarrou no conservadorismo da polí- tica agrícola europeia aliado ao nosso conservadorismo industrial. Com estes dois setores na retranca, os dois blocos não conseguiramavançar, apesar da elevada afi- nidade cultural e política entre Europa eAmérica do Sul. Essa combinação de um setor industrial pouco com- petitivo, limitado em seu crescimento por barreiras externas e umamoeda valorizada emfunção da pujança do setor primário, somado a uma elevada necessidade de financiamento do setor público, foi fatal. A indústria brasileira passou de 35% do PIB nos anos 1980 a 12% no ano passado, célere rumo a um dígito. O setor de servi- ços absorveu praticamente todo o excedente demão de Estão entrandomenos jovens nomercado de trabalho e essa oferta é de baixa produtividade Seaprodutividadedeumpaísébaixa, comoéocasodoBrasil, eletendea dependerdoscircuitosdistributivosque dominamcadasetornomercadomundial latinstock
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