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Revista da ESPM | setembro/outubrode 2015 74 Globalização químicos usados em microprocessadores e circuitos integrados, também ilustram a proeminente participa- ção japonesa emCGV de alta tecnologia. Empresas norte-americanas de design, japonesas de alta tecnologia ou chinesas de fabricação emontagemem larga escala buscamdominar ou governar as CGVs. Esse comportamento foi estudado por Gary Gereffi no início dos anos 1990 ( ver entrevista na página 112 ). Segundo ele, a governança de uma CGV pode ser definida como as relações de poder e autoridade que determinam de que maneira os recursos financeiros, materiais e humanos são alocados e fluem ao longo da cadeia, visto que é incomum que todos os seus atores tenham o mesmo grau de influência sobre os outros, assim gerando relações de assimetria de poder. Essa tese é detalhada por ele e pelo pesquisador S. Frederick no estudo Value chain governance , de 2009. Já em outro levantamento, intitulado de The gover- nance of global value chains , Gereffi, em parceria com JohnHumphrey eTimothy Sturgeon, classificoudiversas CGVs em cinco diferentes tipos de estrutura: mercado, modular, relacional, cativa e hierárquica. De acordo com o artigo publicado em 2005, na Review of Interna- tional Politial Economy , essas cadeias se diferenciam entre si por conta de três variáveis: complexidade das informações e conhecimentos transferidos entre os atores para sustentar sua relação; como esse conjunto de dados para a produção está codificado, garantindo que seja transmitido de forma eficiente; e capacidade dos fornecedores atuais e potenciais. Não importa qual é o tipo de CGV. O problema da governança sempre vai estar presente, seja na China, no Japão ou em qualquer outro país. E, dessa forma, muitas empresas se submetem a uma elevada depen- dência de outras mais bem posicionadas no mercado global. Por outro lado, quando ocorrem adversidades, os impactos nas CGVs podem ser significativos para todos. O terremoto e o tsunami ocorridos no Japão em março de 2011, por exemplo, provocaram um impacto econômico não apenas no país, mas também em todo o mundo. Diversas empresas automobilísticas e de produ- tos eletrônicos reportaramuma diminuição oumesmo uma parada completa da produção por falta de compo- nentes e peças imprescindíveis que eram fornecidos pelas empresas instaladas em outros espaços geográ- ficos dentro e fora do Japão. Essa adversidade serviu como um sinal de alerta para todas as empresas pertencentes a algum tipo de CGV. Mesmo a regra básica de ter dois fornecedores de peças e componentes críticos para evitar paradas desnecessárias da produção não pôde ser cumprida e Em 30 diferentes setores de tecnologia com faturamento superior a US$ 1 bilhão, as empresas nipônicas controlavam 70%do mercado global
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