RESPM-SET_OUT-2015-baixa

setembro/outubrode 2015| RevistadaESPM 77 “Precisamosdemais políticaexternaemenos diplomacia” Por Arnaldo Comin Foto: Divulgação A agenda exterior brasileira foi fortemente influenciada nas duas últimas décadas pelo embate das relações Sul-Sul versus o alinhamento às economias desenvolvidas doNorte, leia-se Estados Unidos eUnião Europeia. Esse conflito ideológico, aliado a umapolítica industrial inconstante, temcontribuído, na visãodeobservadores den- tro e fora do Brasil, para a perda de espaço do país dentro das cadeias globais de valor. Enquanto nossa indústria perde competitividade para outras economias emergentes, a balança comercial brasileirafica a reboque do vaivémdas commodities e dos humores da economia global. Nomomento emque os grandes polos econômicos do Leste e Oeste se atraem, o Brasil pre- cisa redefinir o seu papel como grande exportador e umdos maiores mercados consumidores do mundo. “Temos de entrar nessa festa”, resume o diplomata Luiz Augusto de Castro Neves. Ex-embaixador do Brasil no Paraguai, China e Japão, ele acredita que o país tem capacidade para se desenvolver em qualquer área, desde que estabeleça metas claras e faça o dever de casa. “OBrasil é excelente emdefinir os fins, mas péssimo emproduzir osmeios.” No comando do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), Castro Neves deixa nos próximos meses o cargo para assumir a presidência do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC). Íntimo conhecedor do ambiente de negócios da Ásia, o diplomata acredita que as rela- ções do Brasil com a China passam por um período de definições importantes, quando nosso maior parceiro comercial se volta para o mercado interno — movimento que vai demandar mais produtos acabados do exterior, sobretudo no setor de alimentos. CastroNeves defende que o Brasil precisa ser mais flexível e apresentar uma política externa comum nas negociações com os grandes blocos econômicos regionais, criando pontes com a força emergente da Ásia-Pacífico. Um caminho é seguir os ensinamentos do modelo chinês. “A China vê os Estados Unidos como seu maior concorrente, mas não faz nada para prejudicar as relações comeles, que tambémsão seusmaiores parceiros comerciais.”

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